Anthony Powell

Estou finalmente a conseguir ler A Dance To The Music Of Time (ADTTMUT), de Anthony Powell. Parece que à décima é de vez.

Tenho lido um romance e um terço do seguinte por dia. Com prazer e prisão: estou preso no melhor sentido, de querer saber quem é que aparece a seguir, à parte o inevitável, hediondo Widmerpool. Vou no oitavo, The Soldier's Art, de 1966.

Para aqueles, incluindo a minha amada mãe, que desistiram várias vezes de ler ADTTMUT, por parecer pateticamente snob, obcecado pela aristocracia e pela genealogia, pedante e, para mais, pouco interessado pela metade da raça humana que teve a sorte de nascer feminina, tenho a revelar duas coisas.

A primeira é que sim, é verdade. ADTTMUT é tudo isso. Só que de uma maneira obsessivamente íntegra. Há um personagem que diz, a certa altura, que não compreende as objecções ao snobismo, parecendo-lhe o sistema mais sensato que existe.

A grandeza de ADTTMUT e da escrita de Anthony Powell é outra. Ele é o escritor que mais bem define e estigmatiza o egoísmo: não só incluindo como começando pelos aristocratas ingleses.

O snobismo, tal como praticado e escrito por Anthony Powell, é o oposto do egoísmo. Convencido que os membros da classe "superior" são, de facto, superiores, fica à vontade para descobrir-lhes a careca: são egoístas, narcisistas e acham que o mundo gira à volta deles.

O snob, fascinado e achando-se inferior, é um observador tão altruísta e sincero como apaixonado.

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