Portugal em rede



Portugal tem pela frente um grande desafio – manter intacta a aposta na modernização administrativa e qualificação electrónica do Estado no quadro dum imperativo de racionalização de meios e poupança de investimentos. Em 2012 Portugal é já claramente um país da linha da frente em matéria de infra-estruturas de última geração – ligação das escolas e de grande parte de instituições públicas em banda larga, forte modernização da Administração Pública Central e Local e uma boa Rede de Espaços Públicos de acesso universal à internet, com grande impacto em zonas mais isoladas e segmentos sociais mais desfavorecidos.

A construção de um Portugal em Rede tem que ser um projecto global da sociedade, assente numa verdadeira parceria estratégica alargada entre o Estado e os Actores Económicos e Sociais, capaz de dar resposta às seguintes questões:

– Qual o caminho a dar às TIC enquanto instrumentos centrais duma política activa de intervenção pública como matriz transversal da renovação da nossa sociedade ?

– Qual a forma possível de fazer das empresas (e em particular das PME) os actores relevantes na criação e valor e garantia de padrões de qualidade e vida social adequados, num cenário de crescente “deslocalização” económica?

– Qual o papel efectivo da educação como quadro referencial essencial da adequação dos actores sociais aos novos desafios da sociedade do conhecimento? Os actores do conhecimento de que tanto se precisa são “educados” ou “formados”?

– Qual o papel do I&D enquanto área capaz de fazer o compromisso necessário entre a urgência da ciência e a inevitabilidade da sua mais do que necessária aplicabilidade prática para efeitos de indução duma cultura estruturada de inovação?

– Qual o sentido efectivo das políticas de empregabilidade e inclusão social enquanto instrumentos de promoção dum objectivo global de coesão social? O que fazer de todos os que pelo desemprego se sentem cada vez mais marginalizados pelo sistema?

A consolidação deste novo Portugal em Rede entre nós passa em grande medida pela efectiva responsabilidade nesse processo dos diferentes actores envolvidos – Estado, Universidade e Empresas. No caso do Estado, no quadro do processo de reorganização em curso e de construção dum novo paradigma tendo como centro o cidadão-cliente, urge a operacionalização de uma atitude de mobilização activa e empreendedora da revolução do tecido social. A Reinvenção Estratégica do Estado terá que assentar numa base de confiança e cumplicidade estratégica entre os “actores empreendedores” que actuam do lado da oferta e os cidadãos que respondem pela procura.

A experiência de implementação dos Projectos executados nos últimos anos, envolvendo as mais variadas naturezas de Entidades (Administração Pública Central, Local, Universidades, Centros I&D, outras Entidades) constitui um laboratório único a desenvolver no futuro. Portugal não pode fugir ao desafio de se tornar verdadeiramente uma Sociedade em Rede e para tal o envolvimento público nos próximos anos é uma peça fundamental. Manuel Castells, o grande ideólogo de uma sociedade aberta participativa, estará novamente em Lisboa e não deixará de deixar muito clara esta mensagem.

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