Até já, Britânica

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A Encyclopedia Britannica, que eu tenho mesmo aqui atrás da minha orelha direita e que me custou, às prestações, os olhos da cara, acaba de anunciar que acabou: nunca mais imprimirá a edição em papel.

A de 2010, em 32 volumes, foi a última. A minha, que é de 1988 e inclui um volume inútil sobre o que aconteceu em 1988, também tem 32 volumes. Dá que pensar, pois dá. Mas, a partir de agora, passados 244 anos desde a primeira edição, só haverá novas edições online.

Como é que a Enciclopédia Britânica sabe? Porque anuncia, com irritante desfaçatez, que a "base digital de dados que possuem é grande de mais para caber numa colecção impressa"? Por que é que não poderiam crescer para 50 volumes?

Cada vez que alguém anuncia o fim de um meio de comunicação social, lembro-me do vinil e da rádio, para não falar sequer do livro impresso, que cada vez se vende mais, por estar cada vez mais barato e fácil de ler (sobretudo em segunda mão).

Claro que irá haver outra Encyclopedia Britannica impressa, nem que seja por um preço muito maior. O proprietário actual (o banqueiro suíço Jacqui Safra) há-de compreender que, por muito que interesse a edição online, sempre mutável, faltarão as edições sucessivas da EB, feitas de trinta em trinta anos. Cada uma fixava uma maneira de pensar e de contar as coisas. Tinham valor histórico, no verdadeiro sentido da palavra. Com updates ao minuto essa fixação grandiosa perde-se para sempre.

Ou por enquanto.

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