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O que esperamos da escola

Da escola esperamos informação e conhecimentos. Mas devemos esperar também muita sabedoria.

Os jovens devem ser habilitados para lidar não só com técnicas, mas, acima de tudo, com as pessoas. É bom aprender a língua, a Matemática, a História. Mas é fundamental aprender igualmente a urbanidade, o respeito, a bondade e a tolerância. São estes, em suma, os ingredientes daquele "amor desegoízador" de que falava Agostinho da Silva.

Decididamente, não chega preparar cérebros. É decisivo formar pessoas.

A robustez da inteligência tem tudo a ganhar com a simplicidade do coração. É por aqui que passa o porte, a honradez, a rectidão.

Não basta estudar para o teste. É urgente estudar para a vida. Até porque a vida é o maior teste. E a permanente lição!

António Teixeira, Lamego

"Retórica" de esquerda só quando na oposição

Aos socialistas o seu líder, António José Seguro, pediu tempo para colocar em prática o seu projecto com que quer vencer as eleições legislativas de 2015, porque, como afirmou, "a política séria e de conteúdo precisa de tempo". Ora tempo foi o que não faltou ao PS sob a direcção de José Sócrates como primeiro-ministro, e sobre esse tempo não pode pedir aos portugueses que se esqueçam da governação que privilegiou a finança e criou um ciclo de regressão social e de endividamento com o agravamento da crise da dívida soberana e consequentemente a intervenção do fundo europeu e do FMI (troika).

Sobre este tempo Seguro não diz se a política seguida por Sócrates, foi menos séria; limita-se a tentar passar uma esponja pelo longo período da governação em que se limitou a um cúmplice silêncio, quando o povo português sofria e precisava de muitas vozes críticas e de esquerda perante a política de direita e recessiva promovida pelo seu partido (...). Agora, perante um governo de direita ultraliberal, que de forma ainda mais violenta irrompe arrogantemente pela porta escancarada pela anterior governação, com medidas e aumentos intolerantes, a exemplo do IVA, que estão para além das exigências da troika no memorando subscrito pelo PS, PSD e CDS. Seguro, na oposição, tenta demarcar-se da política de Passos Coelho, nomeadamente, afirmando a intenção de zelar pelas conquistas das funções do Estado social ou a necessidade de manter o equilíbrio das relações laborais. Preocupações sociais justamente valorizadas por Mário Soares ou Manuel Alegre e todos quantos foram fiéis à governação de Sócrates, que a experiência tem demonstrado tratar-se de "retórica" de esquerda só quando o PS está na oposição, já que, quando no governo, tudo são rosas com espinhos que só não incomodam os poderosos.

No entanto, o esforço do novo líder socialista sobre o posicionamento ideológico do partido, mesmo só para a sua mera gestão na oposição, não tem grande espaço de manobra, tais são os compromissos com o capital herdados da governação socialista que dificilmente são questionados internamente, ou o facto de estar amarrado ao acordo da troika, que, como reconhece Almeida Santos, ainda que para recomendar uma oposição de colaboração, "não tem nada de esquerda".

José Lopes, Ovar

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