“Acutilante”, “incontornável”, “singular” — as reacções à morte de Soares dos Santos

Alexandre Soares dos Santos, antigo líder do grupo Jerónimo Martins, morreu esta sexta-feira aos 84 anos.

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LUSA/JOSÉ COELHO

“O Presidente da República evoca a personalidade singular de Alexandre Soares dos Santos e o seu relevante papel na vida económica, social e cultural portuguesa, e, pessoalmente consternado, apresenta à Família muito sentidas condolências” — nota no site da Presidência da República

“Habitou-nos a ser um homem polémico mas também um homem rigoroso, um homem exigente. Polémico e acutilante, um defensor da vida privada (…) É mais um guerreiro que parte” — António Saraiva, presidente da CIP - Confederação Empresarial de Portugal, na RTP 

“Muito para além da sua condição de empresário, era alguém profundamente ligado à reflexão sobre as questões nacionais e ao seu desejo de ver um país moderno, orientado pela lei e sem privilégios de qualquer espécie” — Jaime Gama, presidente do conselho de administração da Fundação Francisco Manuel dos Santos

“Muita gente alimentou grande apreço pelo Sr. Soares dos Santos. A mim sempre me sensibilizou por ser uma pessoa que se manteve sempre igual: a pensar, a estudar, a correr riscos, em família, com os amigos ou no trabalho. Em qualquer situação procurava ter uma posição coerente, fazendo tudo para dar satisfação aos outros, mesmo em pequenos gestos. E isto pela experiência que teve, desde cedo foi muito rica, começando a lutar novo para manter um património que envolvia muita gente da família. O que fez sempre dentro um espírito de grande coerência" —  Jorge Jardim Gonçalves, antigo presidente do BCP

“Com a morte de Alexandre Soares dos Santos, perdeu-se um grande líder empresarial, com um perfil multifacetado e um percurso incontornável na história recente de Portugal. Ao longo dos anos, transformou uma empresa familiar num dos maiores grupos empresariais portugueses, apostando sempre na formação de quadros, nas parcerias empresariais, na inovação e na internacionalização como suportes de uma estratégia de crescimento sustentado” — Pedro Siza Vieira, ministro da Economia, em comunicado

“A morte de Alexandre Soares dos Santos é uma enorme perda para o país e para todos nós. Um grande senhor, no melhor e no mais nobre sentido da palavra. Um legado verdadeiramente extraordinário. Um exemplo para todos” — Álvaro Santos Pereira, ex-ministro da Economia, no Twitter

“O nosso país perdeu um grande empresário, um criador de riqueza e de emprego, uma pessoa com enorme capacidade de procurar internacionalizar a economia portuguesa através de investimentos fora de Portugal. Era também alguém com grande tenacidade e perseverança que lhe permitiu ultrapassar os momentos difíceis do grupo que liderou”. “Há dois aspectos da personalidade do Sr. Alexandre Soares dos Santos que eu gostava de realçar. O primeiro é a preocupação de estar informado e atento às grandes tendências económicas e políticas mundiais e, por isso, era um participante regular do fórum de Davos, onde o encontrei muitas vezes. O segundo aspecto é que era alguém preocupado com o pormenor, um empresário hands-on [mãos na massa] que aparecia muitas vezes às 8h da manhã nas fábricas ou nas lojas para ouvir o que os trabalhadores lhe tinham a dizer. Distinguiu-se também pela actividade de mecenato criando duas fundações e apoiando universidades como a Católica, a de Aveiro e a Nova de Lisboa” — Rui Vilar, chairman da CGD

“Um homem a quem Portugal deve muito. Empresário realizador, cidadão inconformado, homem de visão, construtor de instituições, semeador de ciência e de cultura. O seu legado é imenso” — José Ribeiro e Castro, ex-líder do CDS-PP, no Twitter

“Alexandre Soares dos Santos representa o bom espírito empresarial português ao serviço do colectivo, com interesse comercial, mas privilegiando uma relação muito boa com os seus colaboradores e ao serviço do interesse de Portugal” — João Duque, economista, à Rádio Renascença 

“Assumiu [com a Fundação Francisco Manuel dos Santos] um espaço muito importante de oferecer aos portugueses e a todo o tipo de pessoas, pensando sobretudo nas pessoas com formação mais limitada, para lhes proporcionar informação sobre todos os problemas da nossa sociedade. (...) O país perdeu um notável empresário, que realizou uma obra impressionante” — Artur Santos Silva, ex-presidente da Fundação Gulbenkian

“Alexandre Soares dos Santos foi a grande excepção na classe empresarial que sucedeu a Alfredo da Silva. Um príncipe num país pobre onde a dimensão intelectual e a grandeza moral são, infelizmente, muito escassas. E isto tanto antes como depois do 25 de Abril. O melhor registo que guardo foi o da forma como o vi lidar com a grande crise que quase deitou por terra o seu grupo empresarial. Não o vi, então, endossar culpas a terceiros nem apontar o dedo a inimigos externos. O assunto era com ele e era ele que o tinha de resolver com as ajudas que ele próprio teria de identificar. Num plano mais geral, destaco a lucidez das suas análises e o desassombro com que sempre afrontou os poderes instalados” — Filipe Pinhal, antigo administrador do BCP​

“Era um grande português, foi um grande patriota, um grande empresário e um grande filantropo [com uma] capacidade enorme para entender aquilo que era necessário fazer, que era mais urgente, mais importante” — Eduardo Marçal Grilo, ex-ministro da Educação, à RTP

“Personalidade incontornável na distribuição em Portugal, teve um contributo decisivo para a modernização não só do sector, mas também da actividade empresarial no nosso país (…) Uma figura de relevo, independente e frontal, com um percurso empresarial e de cidadania estimulante que serve de exemplo para todos em Portugal” — Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED), em nota de imprensa

“É lamentável, mas é a vida, é mesmo assim (…) Foi um empresário que criou muitos postos de trabalho e uma relação de proximidade com aqueles a quem dava emprego” — Carlos Silva, secretário-geral da UGT, à Lusa

“Com a morte de Alexandre Soares dos Santos, Portugal perde a sua ímpar capacidade de liderança empresarial, mas perde simultaneamente uma das vozes mais conscientes das fragilidades e das capacidades do país, sempre acutilante e desassombrado na sua análise. A sua visão estratégica fará muita falta. Soares dos Santos soube dar um impulso extraordinário ao grupo empresarial da sua família, mas manteve em cada momento a vontade de contribuir para o bem comum, a igualdade de oportunidades, a justiça social e o progresso do nosso país” — Aníbal Cavaco Silva, ex-presidente da República, à Lusa

Alexandre Soares dos Santos, “é uma das maiores referências do empresariado português e um dos maiores investidores e empregadores da economia nacional”. “Além de ter constituído o maior grupo empresarial português, distinguiu-se pela forma acutilante e corajosa como intervinha na reflexão e discussão da política económica e social do país” — Associação Industrial Portuguesa, em nota de imprensa assinada pelo seu presidente José Eduardo Carvalho

“Um dos maiores empresários portugueses das últimas décadas, uma referência incontornável para muitas gerações de empreendedores portugueses e estrangeiros, cujo trabalho ao longo da sua longa carreira deu um impulso que projectou a Jerónimo Martins para um reconhecimento que muito tem contribuído para a afirmação da imagem de Portugal no exterior” — Associação Empresarial de Portugal (AEP), em comunicado assinado pelo seu presidente Luís Miguel Ribeiro

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