Trabalhadores da Autoeuropa exigem mais compensações pelos domingos

Início da laboração contínua está a gerar um novo braço-de-ferro na fábrica de Palmela. Depois dos plenários de hoje, esta quarta-feira a Comissão de Trabalhadores vai reunir-se com os sindicatos.

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Nos primeiros quatro meses do ano foram produzidos quase 74 mil veículos na fábrica de Palmela, com destaque para o T-Roc REUTERS/Kai Pfaffenbach

Os trabalhadores da Autoeuropa querem que a empresa reabra as negociações, exigindo uma melhoria das compensações por começarem também a trabalhar aos domingos a partir do início de Setembro.

Este foi o resultado dos plenários realizados pela Comissão de Trabalhadores (CT) esta terça-feira, nos quais foram recolhidas assinaturas através de um abaixo-assinado que será entregue à administração nos próximos dias. A CT diz esperar que, na sequência desse abaixo-assinado, a empresa " responda com a disponibilidade negocial que é exigida", de acordo com um comunicado citado pela Lusa.

Esta quarta-feira, a CT, agora liderada por Fausto Dionísio (na sequência da saída de Fernando Gonçalves), vai reunir-se com os sindicatos, o Sindel, afecto à UGT, e o SITE Sul, afecto à CGTP. Isidoro Barradas, do Sindel, afirmou ao PÚBLICO que o encontro servirá para analisar o actual ponto de situação da fábrica e analisar possíveis formas de luta.

Em cima da mesa, por parte da administração, como forma de compensação para o trabalho também aos domingos, com dois turnos (tal como aconteceu com os sábados no início do ano), está o pagamento de um subsídio de turno de 25% e o pagamento “de 125% de um dia normal de trabalho por cada dois turnos trabalhados ao fim de semana”. Destes 125%, 100% são garantidos ao final do mês, ficando o resto de ser pago “trimestralmente de acordo com o cumprimento do volume de produção”, segundo as informações enviadas pela gestão dos trabalhadores. Neste momento, os sábados já estão a ser pagos a 100%, mas num modelo que vigora apenas até às férias de Agosto.

A proposta colocada em cima da mesa pela gestão da Autoeuropa, liderada por Miguel Sanches, inclui uma folga semanal adicional a cada quatro semanas, o gozo de folgas consecutivas, dois fins-de-semana completos “a cada quatro semanas”, e uma semana “de permanência no turno nocturno”.

No documento enviado aos trabalhadores no final de Maio, a administração afirmava que os objectivos, em termos de qualidade e de volume de produção diária do novo modelo, o T-Roc, estavam a ser atingidos, e que essa estabilidade “irá contribuir para uma boa implementação do sistema de 19 turnos semanais após as férias”. Depois de sublinhar que o que consta da proposta está “acima do que a lei prevê”, a gestão diz que na sequência das negociações com a CT “melhorou a sua proposta inicial”, de maneira a que cada trabalhador abrangido pelo novo regime tenha um rendimento mensal “equivalente ao actual, com menos tempo de trabalho”.

No que toca à contraproposta da CT, a administração diz que esta “estava bastante acima dos compromissos orçamentais que a empresa assumiu com a casa-mãe”. De acordo com a Lusa, essa contraproposta implicava que a empresa pagasse até ao final do ano com um acréscimo de 100% um dos dois domingos que cada trabalhador deverá fazer durante o período de um mês, e que, a partir de Janeiro de 2019, todos os domingos fossem pagos com o mesmo acréscimo de 100%.

No comunicado enviado aos trabalhadores, a gestão confirma que após as férias do Verão haverá o incremento de dois T-Roc por hora na área de carroçarias, graças a um aumento da capacidade das linhas, conforme já noticiou o PÚBLICO. Assim, o número de modelos vai passar de 30 para 32 por hora, ou seja, mais 7,7%.  

A última estimativa conhecida da empresa apontava para a produção de cerca de 183.000 T-Roc este ano, de um total de cerca de 240.000 unidades (incluindo aqui o Sharan e Seat Alhambra), mais do que duplicando os valores de 2017. Entre Janeiro e Abril, de acordo com os dados da associação do sector, a ACAP, foram produzidos quase 74 mil veículos, o que representa uma subida homóloga de 160%.

A empresa diz que também que está a “analisar novos investimentos”, de modo a que “as actuais restrições técnicas não sejam um obstáculo ao crescimento da fábrica”.

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