UKIP usou fundos comunitários para sondagens sobre o "Brexit"

Partido poderá ter de devolver 173 mil euros à União Europeia por ter usado indevidamente verbas europeias na campanha interna britânica e até em sondagens sobre o referendo que conduziu ao "Brexit".

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Nigel Farage lidera o UKIP desde 2006, com breves interrupções AFP/JOHN THYS

A União Europeia poderá exigir a devolução de milhares de euros ao Partido da Independência do Reino Unido (UKIP, eurocéptico e anti-imigração). Em causa está o uso indevido de fundos europeus no financiamento da estratégia falhada de eleição do líder do partido, Nigel Farage, para o Parlamento britânico. O UKIP nega as acusações.

No total, o grupo Europa da Liberdade e da Democracia Directa – maioritariamente representado no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, pelo UKIP e que inclui membros da extrema-direita alemã e um antigo membro da Frente Nacional francesa – poderá ter de devolver cerca de 173 mil euros e verá negado meio milhão de euros por ter quebrado as regras de uso dos fundos comunitários, ao aplicar o dinheiro na campanha nacional, cita o Guardian.

De acordo com o relatório de Bruxelas, a que o jornal britânico teve acesso, o partido UKIP gastou ainda os fundos em sondagens e análises, na esperança de conquistar um lugar no Parlamento nas eleições de Maio de 2015, que resultaram na reeleição de David Cameron. O partido organizou ainda sondagens sobre a saída do Reino Unido da União Europeia, meses antes do início oficial da campanha pelo referendo, em Abril de 2016.

“Estes serviços não faziam parte do interesse do partido Europa da Liberdade e da Democracia Directa, que não podia ter qualquer envolvimento quer nas eleições nacionais, quer no referendo a nível nacional”, conclui o documento.

O relatório acrescenta ainda que “a maioria dos círculos eleitorais escolhidos para as sondagens mostram que foram conduzidas com base num resultado favorável ao UKIP”. Acrescenta então que a “maioria dos círculos eleitorais podiam ser identificados como essenciais para conquistar uma representação significativa na Câmara dos Comuns [onde o partido já tinha um representante] para a eleição geral de 2015 e por resultados favoráveis à campanha pela saída”. Há ainda dados que acrescentam que os fundos foram também usados em sondagens que antecederam as eleições escocesas deste ano.

As contas dizem respeito apenas a 2015, pelo que não incluem a análise aos números dos primeiros meses deste ano que antecederam o referendo de Junho.

O UKIP rejeitou as conclusões do relatório, argumentando que respeitou "sempre as regras”.

O relatório sugere ainda que o Europa da Liberdade e da Democracia Directa não é financeiramente viável sem estes fundos e que pode mesmo falir. As conclusões do relatório serão confirmadas na próxima segunda-feira e, se o Parlamento Europeu aprovar o documento, ao Europa da Liberdade e da Democracia Directa será pedido para propor medidas para um melhorar o financiamento”.

Joe Jenkins, porta-voz do Europa da Liberdade e da Democracia Directa, acusa a União Europeia de estar a tentar destruir o partido e garante que irá contestar a decisão no Tribunal Europeu de Justiça. Num comunicado acusa Bruxelas de ter uma atitude “agressiva e hostil”, argumentando que o partido tem justificado as despesas.

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