Presidente sul-coreana forçada a aceitar primeiro-ministro escolhido pela oposição

Park está cada vez mais debilitada pelo escândalo criado pela sua amizade com uma mulher acusada de abuso de poder e fraude e suspeita de influenciar os assuntos de Estado.

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A Presidente Park encontrou-se esta terça-feira com o presidente do Parlaento, Chung Sye-kyun Reuters

A crise provocada por uma polémica amizade já tinha tirado à Presidente sul-coreana o respeito da população, agora tirou-lhe também margem de manobra na tomada de decisões e Park Geun-hye arrisca-se a cumprir os 15 meses que lhe restam de mandato sem relevância política.

A oposição, em bloco, rejeitou o nome que a Presidente propusera para liderar o Governo, acusando-a de estar a criar uma manobra de diversão para afastar as atenções do escândalo. A Presidente teve que ceder, passando à oposição a escolha do novo chefe primeiro-ministro. O cargo, na Coreia do Sul, é sobretudo simbólico, já que se trata de um regime presidencial, mas Park foi obrigada a assumir que daria ao próximo líder do Governo mais espaço de actuação.

Na origem dos problemas da Presidente está a revelação de que manteve, durante anos, uma amizade tóxica com Choi Soon-sil - filha de um líder de uma seita que já tinha sido um amigo próximo do pai de Park, o ex-Presidente Park Chung-hee.

Choi - e uma ex-assessora de Park - estão acusadas de abuso de poder e fraude. São suspeitas de ter coagido dezenas de empresas sul-coreanas a doar cerca de 50 mil milhões de euros patra apoiar fundações culturais geridas por Choi. Esta terça-feira, a polícia fez buscas na sede da Samsung, no âmbito da investigação.

Choi é ainda suspeita de se ter imiscuido nos assuntos de Estado.

A Presidente, incitada pela população e pela oposição a demitir-se, resistiu - fez um pedido público de desculpas. Mas a factura desta amizade - que fez eclodir o maior escândalo no país em décadas - está cada vez mais pesada, com o caso a ter implicações políticas pois Park está a perder autoridade (e o seu partido, o Saenuri).

Na semana passada, a Presidente tentou amenizar a crise nomeando um novo primeiro-ministro, um liberal independente, Kim Byong-joon. A oposição uniu-se para rejeitar a proposta e Park viu-se obrigada, agora, a aceitar que o novo primeiro-ministro seja escolhido por esta oposição.

"Se o Parlamento recomendar uma boa pessoa, que reúna o consenso da oposição e do partido no poder, eu nomeio essa pessoa e permitirei que assuma o controlo do Governo", disse Park ao presidente do Parlamento, Chung Sye-kyun, segundo a conversa entre os dois citadas pelo jornal The Guardian.

"A crise que afecta a Presidente é uma crise de governação e também uma crise nacional, as pessoas estão muito preocupadas. A preocupação do público é o que mais interessa", disse Chung sobre a situação política na Coreia do Sul.

O escândalo da amiga da Presidente fez com que esta caísse no índice de confiança e aprovação da população - está, neste momento, com uma taxa de 5%.

 

 

 

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