Turquia é novamente acusada de matar sírios que tentam cruzar a fronteira

Ancara afirma que relatos de que os seus guardas de fronteira dispararam contra grupo de refugiados e mataram oito pessoas "não reflectem a verdade".

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Fronteira entre a Síria e a Turquia Reuters

A Turquia foi acusada de ter matado oito sírios que tentavam entrar no seu território a partir da zona de fronteira no Norte da Síria. Esta segunda-feira, contudo, o Governo de Ancara fez saber que as notícias "não reflectem a verdade". "As nossas forças de segurança agem totalmente de acordo com a legalidade quando agem em resposta a acidentes de fronteira ou tentativas ilegais de atravessar a fronteira", disse num comunicado o ministro dos Negócios Estrangeiros, Tanju Bilgiç.

Segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, uma organização com sede em Londres em contacto com uma rede de activistas na Síria, guardas de fronteira turcos dispararam contra um grupo de sírios que tentava entrra no país. Segundo este grupo de activistas, morreram três crianças, quatro mulheres e um homem.

"Mandei os nossos activistas ao hospital e temos vídeos dos corpos, mas não os publicamos pois há crianças envolvidas", disse o fundador do Observatório, Rami Abdulrahman, ao jornal The Guardian.

Esta não é a primeira vez que surgem relatos de maus-tratos, tortura e até homicídios contra requerentes de asilo sírios que tentam cruzar a fronteira com a Turquia, que insiste em dizer que pratica uma política de "portas abertas" para toda a gente em risco, mas que, na prática, tem começado a dificultar a passagem de pessoas.

A organização humanitária Human Rights Watch publicou uma investigação em que demonstra que guardas turcos mataram pelo menos cinco sírios e feriram com gravidade outros 14 só entre Março e Abril, quando entrou em em vigor o acordo entre a União Europeia e a Turquia para restringir o fluxo de refugiados pelo Egeu. 

Segundo as contas do Observatório, desde Janeiro que 60 refugiados sírios foram mortos na fronteira. Os sírios tentam cada vez mais entrar na Turquia de uma forma que é considerada ilegal por Ancara, uma vez que este país tornou praticamente impossível a entrada por via legal. A Jordânia e o Líbano fizeram o mesmo, segundo indica o Guardian.

Desde 2013 que há relatos de tiroteios na fronteira entre a Síria e a Turquia, mas as organizações não governamentais dizem que o número de incidentes aumentou desde que a União Europeia começou a pressionar a Turquia para controlar a passagem de refugiados que pretendem, a partir deste país, chegar à Europa.

Cerca de um milhão de refugiados chegou à Europa através da Turquia nos últimos dois anos; na Turquia vivem 2,7 milhões de refugiados sírios. O Governo de Ankara está a construir um muro junto à fronteira com a Síria, para, de acordo com as explicações oficiais, dificultar a passagem de contrabandistas e evitar a entrada no seu território de combatentes do Estado Islâmico.

 

 

 

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