Hezbollah culpa grupos radicais pela morte de comandante

Chefe militar Mustafa Badreddine foi dado como morto nesta sexta-feira na Síria. Hezbollah tem apoiado o Governo de Bashar al-Assad contra grupos como o Estado Islâmico e a Frente al-Nusra.

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Funeral de Mustafa Badreddine em Beirute Anwar Amro/AFP

O Hezbollah, grupo militante xiita libanês, anunciou neste sábado que o comandante Mustafa Badreddine, chefe militar histórico do grupo, foi morto por fogo de artilharia disparado por grupos radicais junto ao aeroporto de Damasco, na Síria. O Hezbollah tinha anunciado a morte de Mustafa Badreddine nesta sexta-feira e, no mesmo dia, fez um funeral militar no seu bastião no Sul de Beirute, no Líbano.

“As investigações mostraram que a explosão, que tinha como alvo a nossa base perto do Aeroporto Internacional de Damasco, e que levou à morte mártir do comandante Mustafa Badreddine, foi o resultado de fogo de artilheira feito por grupos takfiri naquela área”, lê-se no comunicado do grupo.  

A palavra “takfiri” usada pelo Hezbollah refere-se a grupos radicais sunitas militarizados. O Hezbollah está a lutar na Síria, apoiando o Governo do Presidente Bashar al-Assad, contra vários grupos sunitas incluindo o Estado Islâmico e a Frente Al-Nusra, afiliada à Al-Qaeda. Estima-se que cerca de 1200 militares do Hezbollah já morreram no conflito sírio.

“O resultado da investigação [da morte de Badreddine] vai aumentar a nossa determinação para continuar a luta contra estes gangues criminosos e para derrotá-los”, avança o Hezbollah. O comunicado não refere quando é que o ataque ocorreu nem quando é que o comandante morreu. Segundo o Hezbollah, Badreddine disse que só voltaria da Síria vitorioso ou como mártir.

Mustafa Badreddine foi condenado à morte no Kuwait pelo seu papel nos ataques bombistas de 1983. Mas conseguiu escapar da prisão após a invasão iraquiana ao Kuwait liderada por Saddam Hussein em 1990. Anos antes, a sua libertação da prisão tinha sido uma das exigências dos piratas do ar que desviaram um voo da Trans World Airlines (TWA), uma companhia aérea norte-americana, em 1985, e de outros piratas que em 1988 desviaram um voo da Kuwait Airways.

Durante anos, Badreddine foi o mentor de várias operações militares contra Israel a partir do Líbano e de outros locais, e conseguiu sempre evitar ser capturado por árabes e pelos governos ocidentais.  

Em 2005, o comandante foi um dos cinco membros do Hezbollah acusados pelo Tribunal Especial do Líbano, apoiado pelas Nações Unidas, de matarem Rafik al-Hariri, um antigo governante do Líbano e uma das figuras sunitas mais proeminentes. O Hezbollah negou qualquer envolvimento na morte de al-Hariri e alegou que as acusações foram politicamente motivadas.  

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