Quando uma equação diferencial levanta suspeitas de terrorismo

Descolagem de avião da American Airlines em Filadélfia foi interrompida porque mulher desconfiou de economista italiano.

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Fotografia retirada do Facebook do economista Guido Menzio DR

Quando um avião da American Airlines se preparava para descolar da pista do aeroporto de Filadélfia, rumo a Syracuse (Nova Iorque), uma das passageiras estranhou o facto de o seu vizinho – de pele morena e cabelos castanhos encaracolados – estar a rabiscar freneticamente numa folha de papel. As sequências de números e letras pareceram-lhe ser árabe. E mandou parar o aparelho por recear estar perante um terrorista.

Fingindo sentir-se mal, a mulher chamou a hospedeira e o avião, que já se encontrava na pista, voltou para trás. Uma vez no exterior, revelou aos seguranças do aeroporto a sua suspeita e pediu para mudar de voo.

Os seguranças retiraram o passageiro suspeito do aparelho e interrogaram-no, concluindo que se tratava de Guido Menzio, um prestigiado economista italiano que dá aulas na Universidade da Pensilvânia, e que viajava para dar uma conferência no Candá. Tinha aproveitado os momentos antes da descolagem para resolver um problema matemático.

Menzio contou o sucedido a alguns jornais norte-americanos, revelando que quando lhe pediram para sair do avião pensava que era para tentar perceber as razões do mal-estar da pessoa que viajava ao seu lado. Afinal, ficou a saber que a sua vizinha suspeitava que ele era um terrorista, porque estava escrever umas coisas aparentemente estranhas num bloco.

Foi então que lhes mostrou a equação diferencial que estava a resolver, para preparar uma conferência onde ia falar sobre dispersão de preços. Afinal, os caracteres suspeitos eram a universal linguagem matemática.

O economista – que no ano passado ganhou o prémio Carlos Alberto Medal que é atribuído ao melhor economista italiano com menos de 40 anos – contou ao Washington Post que foi tratado correctamente pelos agentes que o interrogaram, acrescentando que reconhecia neste género de incidentes “o sentimento que guia os eleitores de Donald Trump”, com o seu discurso anti-imigrantes e anti-muçulmano.

Questionado pela AFP, um porta-voz da American Airlines não soube dizer se o número de incidentes semelhantes a este aumentou nos últimos meses. Ainda no mês passado, um estudante iraquiano foi retirado de um avião de uma outra companhia aérea norte-americana, porque estava a falar ao telefone em árabe antes de o avião descolar.

 

 

 

 

 

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