Morreu Patricio Aylwin, o Presidente do Chile que fez a transição democrática

O antigo adversário de Salvador Allende foi o primeiro chefe de Estado desde 1973 a tomar posse depois de eleições livres.

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Patricio Aylwin tomou posse como Presidente a 11 de Março de 1990, depois de eleições livres AFP/STR

Patricio Aylwin, o primeiro Presidente do Chile eleito democraticamente depois dos 17 anos de ditadura do general Augusto Pinochet, morreu em casa aos 97 anos de idade. “O Chile perdeu um grande democrata, um homem que soube sempre colocar a unidade dos líderes democratas acima das suas diferenças e que ajudou a construir um novo regime no país”, descreveu a Presidente Michelle Bachelet, que decretou três duas de luto nacional.

Professor de direito e líder do Partido Democrata Cristão (centrista), foi o primeiro chefe de Estado chileno desde 1973 a tomar posse depois de eleições livres e democráticas, em Dezembro de 1989, em que encabeçou uma frente de centro-esquerda, a Coligação dos Partidos pela Democracia, vitoriosa na votação. Antes, fora adversário político de Salvador Allende, chegando a justificar o golpe como necessário para evitar a “tirania comunista”. Mas semanas depois renegou o apoio à junta militar.

Aylwin esteve envolvido nas negociações que definiram os termos para a transição do poder do regime autocrático para um novo sistema democrático civil. Apesar de ter prestado juramento sobre a Constituição redigida em 1980 por Pinochet, que manteve o seu cargo de chefe das Forças Armadas, e de contar com a oposição do Congresso ainda dominado pelas forças de direita aliadas do antigo ditador, Aylwin ensaiou um movimento de “purga” dos agentes da repressão que permaneceram no Exército e estabeleceu uma comissão da verdade para investigar os crimes e abusos da ditadura. O seu relatório, publicado em Fevereiro de 1991, identificou mais de 3200 vítimas, a quem o Presidente, em lágrimas, pediu perdão em nome do Estado chileno, numa mensagem ao país.

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