Zuckerberg anuncia o fim dos call-centers e um router voador maior do que um 737

O Facebook quer passar de rede social a colosso global de telecomunicações e serviços. Em São Francisco, Mark Zuckerberg anunciou o plano megalómano da empresa para os próximos dez anos.

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Mark Zuckerberg anunciou a sua visão a dez anos para o Facebook em São Francisco Robert Gailbraith/Reuters

Mark Zuckerberg quer toda a gente online. Esta terça-feira em São Francisco, Califórnia, o fundador do Facebook revelou a intenção de ligar à Internet as três mil milhões de pessoas que em todo o mundo permanecem à margem. O plano a dez anos prevê a utilização de aviões solares não pilotados – com “uma envergadura de asas superior a um Boeing 737”, mas “um peso menor do que o de um automóvel” – para difundir o sinal de Internet em zonas do globo ainda não cobertas pela rede. Nos próximos dias, o Facebook conta lançar o seu primeiro satélite espacial para reforçar a cobertura de Internet na África subsariana.

“Em vez de construir muros, podemos ajudar as pessoas a construir pontes”, declarou o CEO da rede social num discurso com críticas implícitas ao candidato presidencial republicano Donald Trump.

O investimento na conectividade é apenas uma parte da visão a dez anos que Zuckerberg apresentou na abertura da conferência de programadores parceiros do Facebook. A médio prazo – Zuckerberg aponta para cinco anos – o destaque vai para a progressiva transformação do Messenger num ecossistema para aplicações com múltiplas finalidades para além da actual utilização como ferramenta de conversação.

Através do desenvolvimento de bots (programas de conversação automatizada), o Facebook quer que o Messenger substitua os call-centers das empresas, possibilitando o apoio ao cliente e a venda de produtos através de comunicação escrita. “Nunca conheci ninguém que gostasse de telefonar a uma empresa”, disse Zuckerberg, que demonstrou o potencial da tecnologia com a encomenda de um ramo de flores pelo Messenger.

Esta possibilidade não é inédita, mas a abertura por parte do Facebook de uma plataforma de bots para parceiros externos possibilita o acesso das marcas a um público potencial de 900 milhões de utilizadores. Zuckerberg revelou ainda que todos os dias são trocadas 60 mil milhões de mensagens em todo o mundo através do Messenger e do WhatsApp, outro serviço detido pelo Facebook – um volume três vezes superior ao das SMS.

Como objectivos de longo prazo, o CEO do Facebook apontou também o desenvolvimento da realidade virtual como a próxima grande plataforma social e o investimento em inteligência artificial, e concretamente nas funcionalidades de reconhecimento de imagem e o seu potencial no diagnóstico imediato de doenças como o cancro da pele.

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