Fenprof critica condecorações anunciadas por Cavaco Silva

As condecorações de Nuno Crato e Maria de Lurdes Rodrigues anunciadas pelo Presidente não foram bem recebidas pela Fenprof, que os considerou "inimigos número um" dos professores. A federação relembrou ainda que as cinco mil escolas fechadas em dez anos são da responsabilidade dos mesmos.

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Mário Nogueira, líder da Fenprof, afirma ainda que no OE de 2016 "não se vislumbra qualquer investimento na educação" Fernando Veludo/NFactos

A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) criticou esta quinta-feira o Presidente da República, Cavaco Silva, por condecorar os ex-ministros da Educação Nuno Crato e Maria de Lurdes Rodrigues, que elegeram os professores "como inimigos número um". O secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, recordou que os dois antigos govenantes foram "dois dos ministros que elegeram, acima de tudo, como inimigos número um os professores", criticando a escolha de Cavaco Silva. 

"Para quem pudesse ficar chocado, para quem pudesse ficar espantado, para quem pudesse ficar surpreendido, isto é absolutamente normal", afirmou Mário Nogueira, considerando que Cavaco Silva "se identifica" com a posição assumida pelos antigos ministros em relação aos professores. O dirigente sindical sublinhou ainda que o fecho de cinco mil escolas em dez anos "foi precisamente feito pelos dois ministros que vão ser condecorados pelo Presidente da República".

O Presidente da República vai condecorar sexta-feira oito antigos governantes, entre os quais os antigos ministros das Finanças Vítor Gaspar e Luís Campos e Cunha e os ex-ministros da Educação Nuno Crato e Maria de Lurdes Rodrigues.

Mário Nogueira falava aos jornalistas durante uma conferência de imprensa em Coimbra, onde aproveitou ainda para falar da proposta do Orçamento do Estado para 2016, em que considera que "não se vislumbra qualquer investimento na educação". Este documento "mantém a quebra na educação" e "nem sequer se limita a estancar" essa mesma quebra, o que cria "alguma preocupação", vincou, relembrando o corte de cerca de 80 milhões de euros para o ensino básico e secundário e administração escolar previsto na proposta.

Quanto ao aumento de 6% para os estabelecimentos de ensino particular e cooperativo, Mário Nogueira considerou que este incremento ainda "tem que ver com as opções de Nuno Crato".

Durante a conferência de imprensa, Mário Nogueira falou ainda da necessidade de se "repensar os ciclos de ensino". "É normal que continue como sempre foi, com quatro anos, depois mais dois anos, depois mais três? Isto já não existe em lado nenhum", realçou, referindo que, com o alargamento da escolaridade obrigatória para 12 anos, não houve qualquer tipo de alteração na organização dos ciclos nem no currículo.

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