Tão maus que éramos

Estou a ler o livro de Roger Crowley chamado Conquerors: How Portugal Forged The First Global Empire. Foi publicado para aproveitar os 600 anos desde a conquista de Ceuta em 1415. Ao ler o que Crowley escreve sobre essa façanha dos portugueses é difícil não pensar que preferimos esquecê-la por ser tão politicamente incorrecta.

É um bom livro de aventuras, modesto mas empolgante. Só não o li todo por ser tão repetitivo. Os portugueses são quase todos desconfiados, megalómanos, fanáticos religiosos, sanguinários e valentes. A violência dos conquistadores portugueses é claramente o que mais interessa o autor.

Apesar de estar escrito para rapazes de 11 anos da década de 50 (uma vantagem, nos dias que correm) Crowley lembra-se, de vez em quando, de falar dos povos que os portugueses encontraram e quiseram dominar.

A ideia que fica dos portugueses é de estupefacção e simplismo. Pensam que a Índia, tal como a África e todo o mundo, se reduz a cristãos, muçulmanos e pagãos. A maneira que têm de reagir quando se deixam confundir é sempre a mesma: matar, destruir e subjugar.

O livro é claramente pro-português embora se compreenda porque é que vários críticos do livro classifiquem os nossos ilustres antepassados como terroristas.

Faz-nos bem sabermos que nem sempre fomos tão bem comportados e porreiros como somos hoje. Éramos portugueses, pequeninos, periféricos e pobres: o último P que nos faltava para as cinco quinas era o P de porrada.

Sugerir correcção
Comentar