“Estão dispostos a entregar a STCP à cidade”, perguntou Moreira à CDU

Momento político do país marcou a noite da Assembleia Municipal

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Rui Moreira nega ter sido contactado por qualquer partido Nelson garrido

A um dia da queda do Governo, a sessão da AM do Porto não ignorou o momento político único que se vive no país e ele foi, várias vezes referido ao longo da noite. Enquanto Francisco Carrapatoso dizia a Rui Moreira que passaria a contar apenas “com um partido na oposição”, já que a CDU, ao que tudo indicava, iria juntar-se ao Governo, o comunista Belmiro Magalhães instava o presidente da câmara a “sair da zona de conforto” e “ir à luta em defesa da cidade e da região”, em dossiers como os da STCP e do Metro do Porto, uma vez que, disse, “[com um novo Governo] é possível, em torno da privatização e concessão, fazer recuar algumas matérias”. O deputado defendeu que Moreira devia agir “agora”, para manter os transportes na esfera pública e tentar reverter também o processo de reestruturação das águas.

Na resposta, o autarca garantiu ao comunista que irá pronunciar-se quando o entender, atirando uma pergunta à bancada da CDU: “Os senhores estão disponíveis ou não para municipalizar a STCP, ou querem mantê-la no Estado porque querem controlar os sindicatos? Estão dispostos a entregar a STCP à cidade? Não estão, porque querem manter o monopólio do Estado centralista”. Pouco depois, o deputado comunista recusava o que chamou de “manobra retórica”, defendendo que o problema era se Moreira defendia os transportes colectivos “públicos ou privados”. Mas Moreira insistiu: “Na nossa opinião, os transportes públicos da cidade devem ser determinados pela cidade. Não concordamos que devem ser controlados em Lisboa”, disse.

O presidente enfrentou ainda um outro momento de confronto, com o líder da bancada do PSD, Luís Artur, que voltou a acusar Rui Moreira de ter feito do relatório da auditoria ao processo do Bairro do Aleixo “um documento político claramente dirigido ao anterior presidente de câmara”. O social-democrata reagia ao facto de, pouco antes, Moreira ter dito que o PSD tinha “saudades de um futuro que não aconteceu e de um passado que já acabou”, dizendo ainda que não falava “sobre o perdão nem sobre a ressurreição”. Luís Artur entendeu que Rui Moreira se referia ao seu homólogo com o termo “ressurreição” e repetiu as críticas que já fizera aquando da discussão na AM do relatório da auditoria. Na altura, o deputado pedira a demissão do relator e, anteontem, repetiu: “Mantém a confiança política e técnica no director de auditoria?”. A resposta de Rui Moreira foi imediata: “Não tenho que ter confiança política no auditor. Tenho que ter confiança técnica na pessoa que os senhores nomearam, porque eu não substitui ninguém apenas para dar emprego a alguém que tinha o cartão de jotinha no bolso”.

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