Carlos Silva diz que preferência por acordo entre o PS e a coligação não vincula a UGT

Líder da UGT esclarece que a solução de Governo que defendeu apenas o vincula a ele.

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Carlos Silva, secretário-geral da UGT. Daniel Rocha

Os dirigentes da UGT, nomeadamente os da ala socialista, não terão gostado das posições assumidas pelo seu líder a propósito da constituição do novo Governo. De tal forma que, nesta segunda-feira, Carlos Silva, secretário-geral da central sindical, enviou um comunicado às redacções para esclarecer que a opinião dada durante uma entrevista ao Diário Económico e à Antena 1 “apenas vincula a pessoa do secretário-geral da UGT” e não se trata de “uma posição da central ratificada nos seus órgãos sociais”.

Nessa entrevista, Carlos Silva disse que “seria preferível” um entendimento entre a coligação Portugal à Frente (PÀF) e o PS, porque as restantes forças políticas de Esquerda não dão garantias de estabilidade.

O secretário-geral lembrou que é socialista e militante do PS e que, não havendo uma maioria absoluta, “os partidos estão, em democracia, obrigados a entenderem-se”. Mas foi mais longe e disse que, para a central sindical que dirige, a solução mais estável deveria passar por um compromisso entre a coligação e o PS.

“Não me parece efectivamente que as forças à esquerda do PS dêem a garantia de estabilidade. Há dúvidas. É uma maioria instável. Tendo a UGT socialistas e sociais-democratas, não me parece difícil perceber que para a UGT/central sindical seria preferível que a estabilidade governativa assentasse num entendimento, num compromisso entre a coligação que venceu as eleições e o PS”, respondeu quando questionado sobre se não é mais arriscado o PS juntar-se à Esquerda do que viabilizar um governo minoritário de Direita.

O comunicado para esclarecer que estas declarações expressavam a opinião do líder da central e não a da UGT foi enviado ao início da tarde e era assinado pelo gabinete de comunicação. Depreendia-se, por isso, que os órgãos sociais da UGT estavam a demarcar-se da posição de Carlos Silva.

Umas horas depois, Sérgio Monte, secretário executivo da UGT e também militante socialista, disse tratar-se de um lapso e garantiu que o comunicado devia ter sido assinado pelo próprio Carlos Silva. O comunicado, adiantou Sérgio Monte, é uma forma de o secretário-geral “reforçar que aquela opinião só o vincula a ele”, para “permitir que os outros dirigentes que pensam de forma diferente o possam expressar, dentro da pluralidade existente dentro da própria UGT”.

“Não houve, nem tem de haver, qualquer decisão da UGT sobre a formação do novo Governo”, acrescentou o secretário executivo, sem querer revelar qual a sua opinião sobre o actual contexto político.

Na terça-feira da semana passada, Carlos Silva já tinha reconhecido  que, sem haver uma  maioria absoluta no Parlamento, a UGT poderá ser o fiel da balança entre um Governo PSD/CDS-PP e o PS, uma posição que também não agradou a alguns dirigentes que participaram na reunião que aprovou a política reivindicativa da central para o próximo ano.

O secretário-geral do PS, António Costa, já se reuniu com os líderes do PSD e do CDS-PP (partidos que constituem a PàF, a coligação que ganhou as eleições de 4 de Outubro) para tentarem encontrar pontos de contacto. Mas a também está a procurar entendimentos com os partidos da sua Esquerda, nomeadamente com o PCP e com o Bloco de Esquerda.

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