Grupos palestinianos juntam-se a Assad contra os jihadistas em Yarmouk

Secretário-geral da ONU alerta para o "massacre" que vai acontecer no campo de refugiados de Damasco, onde vivem perto de 15 mil pessoas.

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O campod e refugiados de Yarmouyk, em Damasco, é praticamente um escombro Rame Alsayed/Reuters

O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, pediu nesta quinta-feira que se evite "um massacre" em Yarmouk, onde as organizações palestinianas concordaram em se unir ao exército sírio para combater o Estado Islâmico, que entrou neste campo de refugiados e pretende usá-lo como porta de entrada em Damasco.

"É tempo de realizar uma acção concertada para salvar vidas", disse Ban Ki-moon em Nova Iorque. No campo de refugiados palestiniano, perto de 15 mil civis têm as vidas em risco devido aos combates. Yarmouk, disse o secretário-geral, "começa a parecer um campo de morte" — considerou mesmo o que ali se passa o "último ciclo do inferno".

"Não podemos continuar parados e deixar que aconteça um massacre. O que se passa é inaceitável", disse, acrescentando que "3500 crianças estão transformadas em escudos humanos". "Agora ouvimos falar de um assalto maciço contra o campo e contra os civis que ali se encontram, isso será um novo crime de guerra ainda mais escandaloso", disse Ban. "Este é o teste maior à determinação da comunidade internacional."

Desde 2012 que o campo de Yarmouk — que, na verdade, é um bairro na zona Sul de Damasco, a capital síria — é um campo de batalha entre as forças de Bashar al-Assad e os grupos armados que tentam derrubar o regime. Cada um dos lados é apoiado por diferentes grupos palestinianos.

No dia 1 de Abril, o Estado Islâmico entrou no campo e conquistou parte dele e há combates entre os grupos palestinianos e os jihadistas. A aviação de Assad tem bombardeado as posições do EI.

Neste contexto, as organizações palestinianas anunciaram que, pela primeira vez, aceitam uma operação conjunta com o exército de Assad, que prepara uma grande ofensiva contra o EI.

Após uma reunião com um enviado do presidente palestiniano Mahmoud Abbas, quase todas as facções aceitaram a "criação de um centro operacional comum composto de forças sírias e de movimentos palestinianos com forte presença no campo ou nos seus arredores para realizar uma operação militar". Só o Aknaf Beit al-Maqdess, próximo do Hamas e contra o regime de Assad, se manteve de fora da operação.

"O esforço palestiniano será complementar ao papel do Estado sírio para limpar o campo de Yarmouk de terroristas", disse em Damasco o emissário de Abbas, Ahmad Majdalani.

Antes da entrada do Estado Islâmico, o campo estava cercado pelo exército de Assad e as condições de vida no seu interior eram consideradas desumanas pela ONU. O Observatório Sírio dos Direitos Humanos denunciou que neste campo, onde a maior parte das infra-estruturas estão destruídas (assemelha-se a um escombro), não havia água potável, alimentos ou medicamentos.

A Cruz Vermelha Internacional pediu acesso imediato ao campo e considerou "alarmante" a situação dos civis, "cuja vida está seriamente ameaçada devido aos confrontos".

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