França reconhecerá Palestina daqui a dois anos, se negociações falharem

Parlamento de Paris vai votar na terça-feira recomendação para que o Governo reconheça Estado Palestiniano.

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Manifestante palestiniana enfrenta soldados israelitas ABBAS MOMANI/AFP

França reconhecerá o Estado palestiniano, se os esforços internacionais para ultrapassar o impasse nas negociações de paz com Israel não derem resultado dentro de dois anos, afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros francês no Parlamento nesta sexta-feira.

As declarações de Laurent Fabius foram feitas no debate que precedeu a votação pelos deputados de uma recomendação para que o Governo de Paris reconheça a Palestina como um Estado, marcada para a próxima terça-feira, 2 de Dezembro – um gesto que o primeiro-ministro israelita avisou que consideraria “um grave erro”.

Esta resolução, apresentada a plenário pelo Partido Socialista – e que tem a oposição da UMP, o maior partido de direita – tem apenas um carácter simbólico e não implica uma mudança de política. Convida o Governo “a reconhecer o Estado da Palestina para obter uma solução definitiva do conflito”. É o reconhecimento do que pensa a opinião pública: 63% dos franceses apoiam o reconhecimento da Palestina. Outros países europeus, como o Reino Unido, Irlanda, Espanha e Suécia, adoptaram recentemente posições semelhantes.

Mas França, o país europeu com a maior comunidade judaica – entre 500 mil a 600 pessoas – e onde o anti-semitismo tem crescido nos últimos anos, é um país com especial peso diplomático nesta questão. “A França tem pesado imenso na equação europeia e pode funcionar aqui como uma locomotiva”, disse à AFP o embaixador da Autoridade Palestiniana em Paris, Hael Al Faoum. É que, nos últimos 30 anos, Paris esteve na origem das principais declarações políticas sobre os direitos dos palestinianos e pode mais uma vez marcar o terreno.

A Autoridade Palestiniana anunciou estar a preparar uma proposta de resolução para apresentar nas Nações Unidas, exigindo o fim da ocupação israelita em 2016 – o mesmo calendário proposto por Laurent Fabius. “Nas Nações Unidas, estamos a trabalhar com os nossos parceiros para que seja adoptada uma resolução no Conselho de Segurança para relançar e concluir as negociações, em que o prazo de dois anos é o que é evocado mais frequentemente”, justificou o ministro francês. 
 

  

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