Soares dos Santos diz que é mais bem recebido na Colômbia do que em Portugal

Antigo presidente do conselho de administração da Jerónimo Martins criticou duramente quem fala da grande distribuição como a “máquina trituradora que mata fornecedores”.

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Alexandre Soares dos Santos recebeu o prémio “Life Time Achievement" no Algarve Nuno Ferreira Santos

Alexandre Soares dos Santos, ex-presidente do conselho de administração da Jerónimo Martins, admitiu estar “farto” de ouvir falar da empresa, dona do Pingo Doce, como uma “máquina trituradora que mata os fornecedores, que não paga e que não serve para nada”.

Durante a inauguração de um novo centro de distribuição em Algoz, no Algarve, nesta quinta-feira, o pai de Pedro Soares dos Santos, actual líder do grupo, lançou duras críticas a quem põe em causa os lucros da empresa, lembrando que “esta empresa trituradora, nos últimos dez anos, investiu 1,5 mil milhões de euros em Portugal e criou dez mil empregos”. “Nos últimos cinco anos da crise, investiu 540 milhões de euros e criou 1200 empregos. Não andamos aqui a matar ninguém”, desabafou.

Falando directamente aos jornalistas, que estão a acompanhar a inauguração do novo centro, Soares dos Santos, disse que a Jerónimo Martins e outras empresas como a Sonae (dona do Continente), contribuíram “para a baixa de preços em Portugal, para a baixa da inflação, para a melhoria da saúde”.

“Precisamos de lucro. Sem lucro não consigo investir. Nem vou investir em épocas de crise. Vamos de uma vez acabar com esta noção de que a indústria da distribuição presta maus serviços. Só prestamos bons serviços. É por isso que somos líderes na Polónia e ninguém fala”, afirmou.

Alexandre Soares dos Santos disse ainda que é mais bem recebido na Colômbia – país onde a Jerónimo de Martins entrou em Março de 2013 – do que em Portugal. E acrescentou: “[Os portugueses] gostam muito mais de ver uma PT desaparecer. É interessante… vai para o Brasil e é ‘boa noite’. E o que aconteceu à Cimpor... Mas empresas como nós, a Sonae ou a Portucel, essas, não interessam”, desabafou, sublinhando que falava enquanto cidadão.

A Jerónimo Martins, continuou, “não foge aos impostos”, cumpre a lei e tem “um código de conduta severo”. “Custa, depois de tanto trabalho, termos empresas de tanta categoria… Gostaríamos de ver reconhecido este trabalho em prol do país”, sublinhou, garantindo que a família Soares dos Santos nunca vai vender a empresa.

Sem adiantar detalhes, Soares dos Santos anunciou ainda um novo investimento em Portugal, que será conhecido “dentro de algumas semanas”.

Nesta quinta-feira a Jerónimo Martins inaugura o novo centro de distribuição, um investimento de 27 milhões de euros e que criou 130 postos de trabalho.

O PÚBLICO está no Algarve a convite da Jerónimo Martins.

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