Paragem de Dilma em Lisboa abre polémica no Brasil

Passagem dada como imprevista da Presidente brasileira em Portugal no sábado afinal estava agendada desde quinta-feira.

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Foto de Dilma Rousseff com o chef do Restaurante Eleven DR

Aquilo que foi apresentado como uma simples “paragem técnica” do avião da Presidente brasileira, Dilma Rousseff, afinal já estava programado. O chefe do protocolo do Governo português, António de Almeida Lima, terá sido informado na quinta-feira que a comitiva presidencial iria parar em Lisboa, de acordo com a imprensa brasileira.

A versão do gabinete de Dilma Rousseff é a de que a paragem em Portugal no último sábado se deveu a uma questão técnica imprevista.

Na segunda-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros brasileiro, Luiz Alberto Figueiredo, esclareceu que a decisão de parar em Lisboa tinha sido tomada “no dia da partida” da Suíça, no sábado. A Presidente brasileira viajava de Davos, onde tinha participado no Fórum Mundial Económico, e dirigia-se para Cuba.

No entanto, o jornal O Estado de S. Paulo refere que o chefe do protocolo do Governo português, Almeida Lima, já sabia da passagem da comitiva presidencial por Lisboa, estando desde quinta-feira escolhido para a receber. O mesmo jornal avança que Joachim Koerper, o proprietário do restaurante lisboeta Eleven, onde Rousseff jantou no sábado, tinha pedidos de reserva desde quinta-feira.

O programa original consistia numa paragem nos EUA para abastecimento dos dois aviões da comitiva e na chegada a Cuba no domingo. As más condições atmosféricas teriam sido a razão para a paragem em Lisboa, de acordo com o Governo brasileiro.

Oposição critica “ostentação supérflua”
A passagem de Dilma Rousseff por Lisboa causou grande polémica no Brasil. Nesta terça-feira, o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) anunciou que abriu um inquérito junto da Comissão de Ética Pública da Presidência.

Segundo o partido da oposição, a Presidente terá infringido o Código de Conduta da Alta Administração Federal, por ter realizado despesas avultadas no âmbito de uma visita não-oficial e que nem sequer fazia parte da agenda presidencial.

“A Presidente não fez apenas uma escala injustificada em Lisboa, o que, por si só, já contraria o interesse público, mas deliberou por transformar essa escala ociosa em uma alucinante cena de ostentação supérflua, custeada pelo património público brasileiro”, afirmou o líder da bancada do PSDB, Carlos Sampaio, citado pela Folha de S. Paulo.

A paragem em Lisboa terá custado 98 mil reais (cerca de 30 mil euros), segundo os cálculos do PSDB. Para além do jantar no Eleven, restaurante que detém uma estrela Michelin, a comitiva presidencial ocupou 45 quartos, divididos entre os hotéis Ritz e Tivoli.

O Governo brasileiro garantiu, através do ministro dos Negócios Estrangeiros, que os gastos ficaram a cargo dos membros da comitiva, incluindo os de Dilma Rousseff.

A mesma versão foi sublinhada pela própria Presidente, confrontada com a questão em Havana. "Eu escolho o restaurante que for porque pago a minha conta", afirmou Dilma Rousseff, durante uma conferência de imprensa, citada pelo Estadão. Sobre as críticas aos gastos na sua passagem por Portugal, Rousseff explicou já estar acostumada: "Cheguei a um ponto em que o couro ficou duro."

Notícia actualizada às 10:08 - Acrescentaram-se as declarações de Dilma Rousseff.

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