CDS acusa restaurante de aumentar a conta por se sentir “roubado” pelo Governo

Proprietários do estabelecimento da Bairrada negam os factos, mas não dão explicações.

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Ricardo Silva

Um grupo de 15 delegados do CDS-Algarve ao congresso do partido, que se realizou no passado fim-de-semana em Oliveira do Bairro, acusa um restaurante da Mealhada de os ter “assaltado” por lhes ter inflacionado a conta e diz que o responsável do restaurante justificou a sua actuação com o facto de apoiarem o Governo que rouba os comerciantes.

O caso já foi alvo de uma queixa formal às “autoridades competentes” – que neste caso é a ASAE, a GNR e a PSP -, diz quem gere a página do CDS-Algarve na rede social Facebook, onde foi revelado o episódio que se passou no restaurante Meta dos Leitões.

O PÚBLICO contactou por diversas vezes o restaurante em causa esta terça-feira de manhã mas não conseguiu obter qualquer comentário ou explicação. À agência Lusa, um responsável do estabelecimento negou as acusações e limitou-se a dizer: “Isso é tudo uma pantominice. Isso é tudo falso.”

“Os delegados do CDS Algarve ao congresso foram assaltados num conhecido restaurante localizado na Mealhada”, afirma aquela delegação do partido de Paulo Portas na rede social Facebook num texto publicado na segunda-feira de manhã intitulado “A Meta dos Ladrões – Mealhada”.

A “mirabolante aventura” acontecera no domindo a um grupo de 15 congressistas algarvios, no caminho de regresso a casa. Pararam na Mealhada para degustar o “famoso pitéu” da região no restaurante Meta dos Leitões, e depois de se regalarem com o leitão assado que até estava “a contento dos comensais”, receberam a conta que, “apesar de considerada exagerada, foi paga”.

Mas, já na rua, houve quem quisesse olhar com mais atenção para o papel e contar os itens impressos. Apesar de serem 15 pessoas, contabilizaram 19 refeições, e alguém voltou atrás para esclarecer as contas com quem estava ao balcão do restaurante. “A justificação do responsável pelo restaurante foi a seguinte: tendo-se ele apercebido que eram do CDS e como tal apoiantes do Governo, e aqui cito ipsis verbis as palavras proferidas ‘desse Governo que nos rouba, então para me defender eu também os roubo a vocês’!!!”, lê-se na descrição dos centristas.

Apesar de ter sido pedido o livro de reclamações, o documento não apareceu e não houve ajuste de tesouraria, segundo o relato publicado no Facebook. Que deixa um conselho – aos centristas e não só: “Se forem à Mealhada, das duas uma: ou não dizem que são do CDS, ou então escolham outro restaurante. Na Meta dos Ladrões não são benvindos.”

Apesar de não ter conseguido obter um comentário do restaurante em causa, um empresário do mesmo ramo na Bairrada disse ao PÚBLICO que é possível que um grupo grande consuma mais doses do que o número de pessoas à mesa.

Já esta terça-feira, quem gere o espaço do CDS Algarve naquela rede social, depois das dezenas de comentários tanto de apoio como de críticos na sua página e na do restaurante, veio esclarecer que denunciou a situação “indigna e vergonhosa” não por terem sido as vítimas, mas por considerarem que “num Estado de direito isto não pode voltar a acontecer”.

E há também uma preocupação eleitoral que transparece neste segundo texto do CDS sobre o assunto. Os centristas fazem questão de frisar que “não generalizam esta atitude ao povo hospitaleiro da Mealhada, nem à generalidade dos estabelecimentos de restauração daquela localidade”.

A concelhia do CDS-PP de Anadia já prometeu ir ao mesmo restaurante nos próximos dias "manifestar o seu desagrado por esta situação lamentável" - não se sabe se apenas para protestar ou para seguir o conselho de um apoiante que escreveu que o estabelecimento merecia que "um grupo de 100 pessoas lá fosse e saísse sem pagar". "Como sou do CDS e um grupo de pessoas do meu partido foi roubado, também me acho no direito de "roubar" a quem nos roubou...", propõe este apoiante.
 
 
 

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