Eanes: “Sistema social não deve deixar ninguém de fora”

Foi uma plateia sénior, de muitos militares na reserva, que compareceu na homenagem ao antigo Presidente da República. João Lobo Antunes recordou o 25 de Novembro e a contenção da própria vitória.

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Miguel Manso
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A sociedade não deve ser terreno de exclusão, afirmou na tarde desta segunda-feira António Ramalho Eanes, no final de uma homenagem em Lisboa. Comovido pelos aplausos de uma sala que foi enchendo durante a tarde, reiterou que no seu horizonte não tem qualquer acção política.

“Também eu considero imperativo o norteamento ético da nossa sociedade”, disse o antigo Presidente da República. “Um sistema social tolerante e pacífico não deve deixar ninguém de fora”, afirmou, suscitando o momento de maior aplauso.

Após três horas do início do tributo, Eanes chegou ao Centro de Congressos de Lisboa. Para afirmar que a economia deve ser gerida pelo Direito e a política pela ética. Defendeu um acordo entre todos os portugueses “nos domínios julgados necessários” e reiterou não ter ambições: “Não há qualquer acção política organizada a desenvolver quer no presente, quer no futuro”.

Foi uma assistência sénior, de muitos militares na reserva, que ouviu as primeiras três intervenções. “Soube compreender o seu lugar na História”, destacou Guilherme d´Oliveira Martins. O presidente do Tribunal de Contas referiu o seu percurso militar e político. “Fez compreender que a condição militar é um serviço aos cidadãos”, disse.

“Evitou uma caça às bruxas”, recordou Garcia Leandro numa referência aos sectores que queriam um desfecho violento para o 25 de Novembro de 1975. Ou, nas palavras do neurocirurgião João Lobo Antunes, “a contenção da própria vitória”. O mandatário presidencial de Cavaco Silva referiu a forma como Eanes acabou os seus dois mandatos: “Saiu da cena política com discrição”.

“Figura de referência”
“Estou a estranhar não haver mais pessoas da minha geração, fico um bocado triste”, admite Ana Romano. A engenheira industrial de 29 anos, familiar de Eanes, não esconde a sua decepção: “Vi muitos comentários no Facebook, mas as gerações mais novas não estão presentes, era mais importante marcar presença neste evento do que fazer greves”. Antiga militante da JSD, Ana Romano é peremptória: “Acho que Ramalho Eanes devia ter protagonismo político, mas não acredito que queira”.

Quase uma hora antes do início da sessão, já João Martins, engenheiro reformado de 64 anos, acedia ao recinto. “Considero-o uma figura de referência pelo exemplo que transmitiu como Presidente da República, como militar e cidadão.” Mas não alberga outro tipo de esperanças: “Não gostaria que tivesse protagonismo político, mas o país precisa de pessoas com o seu percurso”.

Opinião diferente é a de Maria Nazaré Oliveira, professora do ensino secundário. Tal como apoiou, como estudante universitária, a primeira candidatura a Belém de Ramalho Eanes, desejava o seu protagonismo. “Nunca me decepcionou, acho que devia ter protagonismo político. O actual Presidente da República não está a cumprir”, lamenta

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