Multar o trabalho

Como é que a economia pode avançar com tantas injustas, estúpidas e insensíveis tributações?

Às vezes falo com um jovem proprietário, gerente, vendedor e condutor de uma pequena empresa de carnes porque é o único comerciante optimista que conheço. Não só tem ideias como transforma-as em novos produtos (deliciosos), que leva aos clientes, tirando sempre meia-hora para ouvir as críticas e sugestões deles.

Esta semana pararam a pequena carrinha dele, cheia de carne, e verificaram que pesava mais 80 quilos do que deveria. Note-se que a carrinha não levava passageiro, que poderia pesar os tais 80 quilos.

Passaram-lhe uma multa de 125 euros. Não, desculpem, foi de 1250 euros. Nem menos. Quantos dias e quilómetros tem ele de trabalhar e percorrer para pagar esses 1250 euros? Muitos.

É desmotivador. Se é preciso multar, porque é que se multa tanto, quando não existe perigo de segurança rodoviária? Porque é que as multas são as mesmas para as pequenas empresas e para as grandes? 1250 euros é o suficiente para limpar o lucro de uma empresa individual.

São sempre os que mais trabalham - e legalmente, com "porta aberta", que mais se põem a jeito - os que são mais castigados. Os agentes das polícias e da GNR já não têm autonomia para considerarem os méritos e as atenuantes de cada caso.

Dantes havia margem para a compreensão e até para a compaixão. O que aconteceu às santas palavras: "Vá-se lá embora, então. Mas, para a próxima, não escapa"?

Como é que a economia pode avançar com tantas injustas, estúpidas e insensíveis tributações?

   
 

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