Novo lançamento de míssil será "enorme erro" da Coreia do Norte

Coreia do Norte pode ter desenvolvido ogivas nucleares que cabem num míssil balístico, mas serão pouco fiáveis.

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Kerry aterrou esta sexta-feira em Seul Kim Hong-ji/Reuters

O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, avisou a Coreia do Norte que um novo lançamento de um míssil será “um enorme erro” e “uma provocação.

Sabe-se que Pyongyang fez deslocar dois mísseis de médio alcance na zona Leste do país. Estes mísseis têm capacidade para atingir o Japão ou mesmo as bases norte-americanas em Guam, mas nunca foram testados.

Kerry aterrou esta sexta-feira de manhã em Seul para o início da sua primeira viagem à Ásia. Chega sábado a Pequim, onde vai pedir às autoridades chinesas que exerçam pressão sobre os norte-coreanos.

"Será um grande erro escolher esse caminho porque isolará ainda mais o seu povo... que está desesperado por comida, não por lançamentos de mísseis, que está desesperado por uma oportunidade, não por um líder que quer mostrar os músculos desta forma", afirmou Kerry sobre o jovem líder norte-coreano, Kim Jong-un.

A viagem do secretário de Estado de Barack Obama começa no dia em que foi conhecido um relatório da agência de informação e serviços secretos do Pentágono segundo o qual é muito provável que a Coreia do Norte tenha desenvolvido uma ogiva nuclear pequena o suficiente para caber num míssil balístico.

De acordo com esta avaliação, parcialmente apresentada na quinta-feira numa audiência no Comité das Forças Armadas do Senado, esta arma teria "pouca fiabilidade" – para além das dificuldades técnicas inerentes à construção de engenhos nucleares de pequena escala, o arsenal de mísseis balísticos de Pyongyang é conhecido por ser pouco certeiro.

Foi o senador republicano Doug Lamborn que leu algumas partes não classificadas do relatório enquanto questionava o general Martin Dempsey, chefe do Estado-maior Interarmas: segundo Lamborn, o Pentágono concluiu "com certezas moderadas" que Pyongyang "tem armas nucleares capazes de serem disparadas por mísseis balísticos; contudo, a fiabilidade será baixa".

Já na quinta-feira à noite (madrugada em Portugal), um comunicado do director nacional dos serviços secretos, James R. Clapper, esclarece que a avaliação desta agência do Pentágono não reflecte o consenso da comunidade de informação e serviços secretos norte-americana. "A Coreia do Norte ainda não demonstrou todas as capacidades necessárias para armar um míssil nuclear", afirmou.

Enquanto decorria a audiência no Senado, em Londres os países do G8 juntavam-se ao coro de condenações ao regime norte-coreano, que o mês passado se declarou "em estado de guerra" e ameaçou atacar alvos da Coreia do Sul e dos Estados Unidos. As maiores economias do mundo prometeram adoptar "medidas significativas no caso de futuros lançamentos [de mísseis] ou testes nucleares".

Segunda-feira, Pyongyang comemora o 101º aniversário do nascimento do pai da nação, Kim Il-sung, data que servirá de teste à retórica inflamada dos últimos tempos: Washington acredita que as ameaças fazem parte da estratégia de Kim Jong-un para se mostrar em controlo, mas se Pyongyang quiser mesmo testar um dos seus mísseis faria sentido que o fizesse num aniversário como este.
 

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