Março foi o sétimo mais chuvoso dos últimos 82 anos

Há locais onde os valores da precipitação foram os mais altos desde 1941. Os meteorologistas classificam o mês passado como "muito chuvoso" a "extremamente chuvoso".

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Chuva em grandes quantidades fez transbordar os rios e inundou zonas ribeirinhas Adriano Miranda

O mês de Março deste ano foi o sétimo mais chuvoso desde 1931, ano em que tiveram início os registos meteorológicos. Segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), a quantidade de precipitação foi 2,5 a cinco vezes superior à média.

Segundo uma nota do IPMA divulgada nesta quarta-feira, o valor médio da quantidade de precipitação registada no mês passado foi de 222 milímetros (mm), ou seja, 161mm acima da média do período entre 1971 e 2000. Por isso, o mês pode classificar-se como “muito chuvoso” a “extremamente chuvoso” em todo o território.

Em alguns distritos das regiões da Beira Interior, Estremadura, Ribatejo e Alentejo, os valores ultrapassaram mesmo todos os registos referentes a Março desde 1941. Isso verificou-se nas estações de medição das Penhas Douradas, na Serra da Estrela (523mm), Alvega, em Abrantes (242mm), Portalegre (313mm), Lisboa (240mm), Setúbal (195mm) e Alvalade, em Santiago do Cacém (159 mm). Na estação da Amareleja, no concelho alentejano de Moura, ultrapassaram-se os valores registados desde 1964, com 155 mm.

Segundo a mesma nota, Março foi o segundo mês mais chuvoso de sempre em Vila Real de Santo António e o terceiro mais chuvoso em Beja.

O número de dias com precipitação (com 1 mm ou mais) variou entre 15 e 25 dias em todo o país, sendo duas a quatro vezes superior aos valores médios. Já o número de dias chuvosos (com pelo menos 10 mm de precipitação) variou entre três e 15, duas a oito vezes superior à média. Grande parte das estações do Norte e Centro registaram mais de dez dias chuvosos.

O IPMA destaca ainda alguns locais onde choveu durante muitas horas seguidas: é o caso das Penhas Douradas, onde a precipitação foi igual ou superior a 1mm durante 51 horas, desde as 13h de 4 de Março até às 16h de 6 de Março.

O estado do tempo foi condicionado por uma depressão complexa, cujos núcleos centrais estiveram localizados no arquipélago dos Açores, e ainda por perturbações frontais associadas a essa depressão, diz o IPMA.

No último dia do mês, a quantidade de água no solo era superior à média, “estando o solo saturado em todo o território”, descreve o instituto. Analisando o ano hidrológico desde 1 de Outubro de 2012 a 31 de Março deste ano, os valores da quantidade de precipitação variam entre 105% e 190%.

Estes valores explicam as várias ocorrências um pouco por todo o país, incluindo as ilhas, onde houve deslizamento de terras, derrocadas, inundações e povoações isoladas. As cheias nas principais bacias hidrográficas – como as do Douro e do Tejo – foram uma consequência da forte precipitação, que fez subir o nível dos rios e encheu as barragens. “Para esta situação contribuiu também a precipitação ocorrida em Espanha e a correspondente necessidade de descargas das barragens”, remata o IPMA.

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