Supermercados brasileiros controlam carne para proteger Amazónia

O objectivo é combater a desflorestação ilegal, a invasão de terras públicas e o trabalho escravo.

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Área da Amazónia destruída em 2011/12 equivale à do pior ano de incêndios em Portugal Bruno Domingos/Reuters

Os supermercados brasileiros vão iniciar uma série de iniciativas para evitar a venda de carne proveniente de áreas desmatadas ilegalmente na Amazónia. Um acordo neste sentido foi firmado segunda-feira entre a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) – que representa 82 mil lojas no país – e o Ministério Público Federal.

Segundo o acordo, a Abras irá incentivar os seus associados a informarem os consumidores da origem da carne que compram. Ao mesmo tempo, a associação irá divulgar através do seu portal na Internet e das suas publicações as acções do Ministério Público Federal no controlo das actividades ilegais na produção da carne.

O objectivo é não só combater o desmatamento ilegal da Amazónia como também outras práticas que têm vindo a ser alvo de acções de fiscalização, como a invasão de terras públicas e o trabalho escravo.

O acordo agora assinado vem na sequência de uma intensificação da vigilância sobre a pecuária pelas autoridades brasileiras, iniciada em 2009. Nessa altura, o Ministério Público autuou 20 herdades e 11 matadouros e armazenistas, acusados de terem desmatado 157 mil hectares de floresta no estado do Pará. As autoridades pediram 770 milhões de euros de indemnizações às empresas.

No mesmo ano, três grandes cadeias de supermercados – Wal-Mart, Carrefour e Pão de Açúcar – suspenderam a compra de carne de produtores envolvidos na desflorestação ilegal. Ao mesmo tempo, o Ministério Público lançou a campanha Carne Legal, para a regularização progressiva dos produtores.

A expansão da pecuária foi responsável por cerca de 70% da desflorestação da Amazónia desde 1995, segundo dados citados no site do Ministério Público Federal. Só no Pará haverá entre 150 mil e 220 mil propriedades rurais. No Mato Grosso, serão mais 111 mil, com 26 milhões de cabeças de gado. Ambos os estados são a principal fronteira da desflorestação da Amazónia, tendo sido responsáveis por dois terços de toda a área de floresta derrubada desde 1988, segundo a monitorização por satélite feita pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.

A taxa de desflorestação da Amazónia tem, no entanto, vindo a cair nos últimos anos, tendo ficado nos 4656 quilómetros quadrados em 2012, o menor valor desde meados da década de 1970.

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