Morte de Berezovski “consistente com enforcamento”, diz a polícia

Autópsia não revela sinais de luta.

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A polícia continua a investigar a morte de Beresovski AFP

A causa da morte de Boris Berezovski é "consistente com enforcamento" e não foram detectados sinais de luta, revelou nesta segunda-feira a polícia britânica, após a autópsia ao corpo do oligarca russo.

Berezovski, de 67 anos, foi encontrado morto no sábado, no chão do quarto de banho da sua casa em Berkshire.

A suspeita apontou de imediato para suicídio, uma vez que o magnata perdeu muito dinheiro recentemente e estaria deprimido.

Apesar de não ter encontrado sinais de luta e de a causa da morte ser consistente com enforcamento, a polícia vai efectuar mais testes, nomeadamente exames toxicológicos. Os resultados só deverão ser conhecidos dentro de “várias semanas”, explicou a polícia britânica.

Berezovski era nos anos 1990 um dos principais oligarcas — a palavra usada para designar aqueles que fizeram fortuna quando foram privatizadas as empresas estatais soviéticas. Antiga eminência parda do Kremlin nos tempos do Presidente Boris Ieltsin — chamavam-lhe Rasputine, nos tempos em que controlava o principal canal de televisão russo —, caiu em desgraça com a subida de Vladimir Putin ao poder.

Tornou-se um inimigo jurado do novo homem forte de Moscovo: em Maio passado, tinha oferecido uma recompensa pela “captura do perigoso criminoso Putin".

A última vez que Berezovski andou pelas páginas de todos os jornais internacionais foi no Verão passado, quando perdeu uma batalha nos tribunais britânicos, no valor de 5600 milhões de dólares contra o rival Roman Abramovich.

Mais recentemente, em Janeiro, a sua ex-companheira durante 20 anos, Elena Gorbunova, levou-o a tribunal afirmando que Berezovski lhe devia oito milhões de dólares por ter vendido a sua residência comum no Surrey, adianta o jornal The Guardian. Gorbunova conseguiu que bens do oligarca russo no valor de 200 milhões de dólares fossem congelados, com o argumento de que ele estaria com dificuldades financeiras e poderia estar a tentar vender propriedades que lhe teriam sido prometidas a ela.

Berezovski saiu da Rússia no fim da década de 1990, no meio de um escândalo de lavagem de dinheiro com a companhia de aviação Aeroflot. Foi alvo de vários pedidos de extradição pela Rússia — nunca atendidos pelo Reino Unido, onde vivia desde 2000 e onde conseguiu o estatuto de refugiado em 2003. Surge na lista dos mais procurados das autoridades russas desde 2001, por acusações de fraude, lavagem de dinheiro e tentativa de tomada do poder pela violência.

Foi condenado à revelia na Rússia por ter defraudado duas empresas estatais em 2000 milhões de dólares, bem como por fraude e lavagem de dinheiro. Sobreviveu também a inúmeras tentativas de assassínio.

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