Bancada do PS dividida lança confusão na votação sobre o TV Rural

Quase metade dos socialistas votou contra, os restantes abstiveram-se. Caso provocou discussão sobre a liberdade de voto nas várias bancadas.

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Abstenções dos socialistas não foram contabilizadas na votação desta sexta-feira Daniel Rocha

Foi uma bancada socialista partida ao meio que nesta sexta-feira votou a recomendação do PSD e do CDS-PP ao Governo para que promova um programa semanal sobre agricultura e mar na RTP. A proposta foi aprovada.

Quando a presidente da Assembleia da República pediu que se levantassem os deputados que se abstinham, só os elementos da direcção da bancada e do partido o fizeram. Ao anunciar os resultados, Assunção Esteves limitou-se a contabilizar 31 votos contra na bancada do PS – dos 68 deputados presentes no início das votações –, sem contar as abstenções. PCP, BE e Verdes também votaram contra.

Os votos contra da bancada socialista vieram sobretudo do grupo de deputados considerados mais próximos de José Sócrates.


Logo surgiram pedidos para que fossem especificados os números da votação. A presidente explicou que não era possível, porque o sentido do voto da sala era “perfeitamente visível” e não queria apontar nomes. Foi precisamente do PS que veio a solução para o esclarecimento: o líder parlamentar, Carlos Zorrinho, pediu que fossem identificados os deputados e o respectivo sentido de voto, até porque isso era preciso para o diário.

Zorrinho aproveitou para dizer que na sua bancada existe liberdade de voto em matérias que não são estruturais. “Só é pena que esta regra não seja seguida”, acrescentou. Um comentário que provocou uma onda de reacções das restantes bancadas, com os respectivos líderes a defenderem que nos seus partidos o voto também é livre. O social-democrata Luís Montenegro afirmou que a sua bancada “está muito confortável com as suas regras”.

Na quinta-feira, durante a discussão do projecto de resolução, o PS reconheceu que falta um programa sobre esta temática no serviço público de televisão, embora manifestasse grandes dúvidas sobre a forma como se deve colmatar essa falha – nomeadamente se deve ser o Parlamento e o Governo a fazerem esse reparo ao operador de serviço público. Tal atitude poderá ser entendida como uma ingerência.
 
 
 
 
 

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