Petição quer Krugman na Administração Obama para combater austeridade em Washington e no mundo

O Nobel da Economia está "do lado da maioria dos americanos", dizem defensores de Krugman que o querem como secretário de Estado do Tesouro. Este responde que essa seria "mesmo uma má ideia".

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O economista diz que, "se fosse um ditador", manteria os bancos fechados até avançar com uma nova moeda Fredrik Persson/Reuters

Por ser um inequívoco defensor do interesse público de quem se pode esperar a defesa do sistema de protecção social e de saúde nos Estados Unidos e a aplicação de medidas que criem emprego e vençam o dogma da austeridade em Washington e no mundo, o Nobel da Economia 2012, autor de várias obras e colunista do New York Times Paul Krugman devia ser, para os signatários de uma petição a circular na Internet, a escolha do Presidente norte-americano Barack Obama para a Secretaria de Estado do Tesouro.

A iniciativa tem a assinatura do actor Danny Glover e junta personalidades como o economista americano Mark Weisbrot, colunista do britânico The Guardian e co-director do Centro de Pesquisa Económica e Política de Washington, entre os defensores e signatários da petição em Sign.On.org que, às primeiras horas desta terça-feira, tinha reunido mais de 222 mil assinaturas. A posição manifestada pelos defensores de Krugman está a alimentar a discussão na Internet e nos jornais e nem mesmo a resposta negativa do próprio economista no seu blogue refreou o entusiasmo de alguns em torno da possibilidade de ele passar a decidir a política económica e não só influenciá-la.

No site lê-se o essencial da posição dos subscritores: quando Obama escolhe a sua nova equipa, a poucas semanas de tomar posse para o segundo mandato, os possíveis candidatos mais badalados para assumir a pasta das Finanças estão mais próximos dos interesses de Wall Street e de uma política que reduz benefícios sociais e não prioriza o emprego. Os subscritores querem, pelo contrário, uma pessoa que se oponha à austeridade e se concentre na criação de empregos. Querem, por isso, "que o Presidente Obama nomeie o economista Prémio Nobel da Economia Paul Krugman".

Para o próprio Krugman seria “mesmo uma má ideia”. Além de que o seu nome não seria confirmado pelo Congresso, diz o economista no seu blogue, a principal razão para a sua recusa tácita e antecipada é que uma nomeação e confirmação no cargo o obrigaria a deixar de fazer um trabalho no qual acredita ser bom para passar a fazer um em que seria mau, diz citado no site Politico. "Um cargo na Administração reduziria a minha influência deixando-me na impossibilidade de dizer publicamente o que realmente penso", acrescenta.

Num editorial este sábado, o economista Mark Weisbrot explica que uma das razões para defender a entrada do Nobel da Economia na Administração Obama é que este economista de renome e popularidade internacional "tem acertado na análise dos principais problemas da economia enquanto outros economistas e uma grande parte da imprensa de negócios têm errado". Um exemplo entre outros, nota Weisbrot, é que "Krugman escreveu sobre a bolha imobiliária antes do seu colapso causar a grande recessão." Mas para o colunista o mais importante é que "Krugman está do lado da maioria dos americanos."

 
 

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