Paulo Portas: É dever da UE fazer no Médio Oriente o que os outros não podem

Mahmoud Abbas termina esta quinta-feira a sua visita a Portugal para agradecer voto que ajudou a Palestina a conseguir o estatuto de Estado observador na Assembleia Geral da ONU

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Mahmoud Abbas com Paulo Portas, no Palácio das Necessidades. Presidente da Autoridade Palestiniana não falou aos jornalistas Rafael Marchante/Reuters

A visita dos dirigentes palestinianos a Portugal ficou marcada por uma palavra: obrigado. “Ficámos muito encorajados pela posição tomada pela União Europeia, em particular por Portugal”, repetiu em Lisboa o ministro dos Negócios Estrangeiros palestiniano, Riad al-Maliki, ao lado do seu homólogo português, Paulo Portas. Referia-se ao voto a favor de Portugal na admissão da Palestina como Estado observador na Assembleia Geral das Nações Unidas.

O chefe da diplomacia portuguesa respondeu com o que considera serem as obrigações da União Europeia na região. “A UE pode e deve fazer e dizer sobre o conflito do Médio Oriente o que outros parceiros não podem – definitivamente ou por enquanto – dizer ou fazer”, afirmou numa conferência de imprensa que antecedeu um almoço com Maliki e com o presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, que em nenhum dos dois dias da visita a Portugal, que terminou ontem, falou aos jornalistas.

Paulo Portas felicitou a Autoridade Palestiniana “pelo resultado alcançado na adopção pela Assembleia Geral das Nações Unidas de uma resolução que concedeu à Palestina o estatuto de Estado observador”. E explicou que Portugal decidiu votar favoravelmente por considerar que isso “representa a melhor aposta na paz” e também porque foi uma forma de “reconhecimento da liderança da Autoridade Palestiniana”. Portugal, acrescentou, apoia a construção de um Estado “independente e soberano”, que viva “lado a lado, em paz e em segurança, com o Estado de Israel”.

Para que isso se concretize, prosseguiu Portas, é “essencial que sejam retomadas sem demora as negociações de paz”. Depois de ouvir o seu homólogo português, Maliki quis deixar clara a vontade dos dirigentes palestinianos de se “empenharem em pleno em negociações directas” com Israel para alcançar “paz e estabilidade” numa solução de dois Estados. “É nisto que acreditamos, é nisto que estamos empenhados”, garantiu.

Maliki agradeceu várias vezes à União Europeia, a Portugal e a Paulo Portas pelo voto que no final do mês passado ajudou a dar à Palestina o mesmo estatuto que o Vaticano tem nas Nações Unidas e por ter “influenciado outros países europeus” a votarem no mesmo sentido. “Paulo Portas mostrou uma liderança notável e tomou uma posição muito forte quando foi preciso”, elogiou o chefe da diplomacia palestiniana. “Estamos orgulhosos. Estou pessoalmente orgulhoso por ser amigo de Paulo Portas.”

Críticas aos colonatos
O tema dos colonatos judeus nos territórios ocupados da Cisjordânia também não ficou esquecido. O ministro dos Negócios Estrangeiros português deixou claro que a intenção do Governo israelita de expandir os colonatos é “preocupante” e “condenável”, especialmente em Jerusalém Oriental, porque “pode inviabilizar a construção de um segundo Estado, da Palestina, com continuidade territorial”, ao separar essa zona de Jerusalém do resto da Cisjordânia.

Sobre os mais recentes acontecimentos em Gaza, Paulo Portas disse estar “obviamente muito preocupado com a situação da população civil em Gaza” e reiterou ao mesmo tempo o “compromisso inabalável” dos parceiros europeus com a segurança do Estado de Israel. Também Maliki, que agora segue com Abbas para outros países europeus, sublinhou que a Autoridade Palestiniana deplora qualquer forma de violência.

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