Afastamento de Passos Coelho foi decisão "simplesmente política"

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As escolhas de Manuela Ferreira Leite para encabeçar as listas provocaram discussão acesa na reunião Fernando Veludo/NFACTOS (arquivo)

A direcção do PSD reconhece que o afastamento de Passos Coelho das listas de candidatos às legislativas foi uma decisão "simplesmente política", mas garante que a avaliação do trabalho dos deputados na última legislatura pesou na composição das listas.

A lista de candidatos a deputados do PSD foi aprovada hoje de madrugada com 59 votos favoráveis, 37 contra e cinco abstenções em Conselho Nacional, por voto secreto, mas provocou polémica pelo afastamento de nomes propostos pelas distritais, como Pedro Passos Coelho e Miguel Relvas, ou pela inclusão de outros contra a vontade das estruturas locais, casos de António Preto e Helena Lopes da Costa em Lisboa.

Fonte da direcção social-democrata admitiu à Lusa que, se o afastamento de Pedro Passos Coelho - proposto pela distrital de Vila Real - foi uma decisão política, a composição das listas assentou em grande parte na avaliação do trabalho dos deputados na anterior legislatura.

A líder do PSD, Manuela Ferreira Leite, reuniu-se com os dois líderes parlamentares do grupo nos últimos anos - Paulo Rangel e Marques Guedes - e juntos fizeram uma avaliação um a um dos deputados.

Esta avaliação explica, segundo a mesma fonte, a inclusão de vários "passistas" nas listas, como Pedro Duarte, que a distrital do Porto tinha excluído mas que a líder impôs, por considerá-lo um bom deputado.

Na mesma lógica, a direcção quis incluir Miguel Almeida, um "santanista", nas listas por Coimbra pela boa avaliação do seu trabalho parlamentar.

É este critério que serve à direcção para sustentar o afastamento de Miguel Relvas, considerando que o seu trabalho parlamentar não correspondeu ao esperado, apesar de reconhecer que a sua exclusão foi a que mais desconforto provocou.

Outro exemplo de "limpeza" das listas, apontado pela mesma fonte, foi o do presidente da distrital de Braga, uma decisão pessoal de Ferreira Leite, baseada na fraca intervenção parlamentar de Virgílio Costa, bem como nas muitas faltas a sessões plenárias do deputado.

Mas a direcção ouviu muitas críticas pelas suas escolhas na reunião do Conselho Nacional, que se prolongou por quatro horas, tendo a intervenção do ex-ministro Morais Sarmento sido uma das que mais entusiasmo suscitou.

Segundo relatos da reunião, Sarmento disse que não estava satisfeito nem se identificava com estas listas, considerando que, em alguns casos, faltou ética na sua composição.

Também as linhas gerais do programa do PSD mereceram reparos do antigo ministro de Durão Barroso e Santana Lopes, que lamentou que o documento não seja mais diferenciado em relação ao PS.

O deputado e "santanista" Pedro Pinto fez uma das intervenções da noite mais críticas para a direcção, considerando "uma vergonha" a exclusão de Passos Coelho das listas do partido.

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