Actriz Natasha Richardson morreu aos 45 anos

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A contracenar com a mãe, Vanessa Redgrave , num filme de 2007 Reuters

Natasha Richardson, actriz vencedora de um Prémio Tony e membro de uma dinastia de actores britânicos, morreu ontem à noite devido a um ferimento na cabeça que fez enquanto esquiava, na segunda-feira. Tinha 45 anos.

Richardson, filha da actriz e activista de direitos humanos Vanessa Redgrave e mulher do actor Liam Neeson, caiu numa pista para principiantes em Montreal, durante uma aula de esqui. Inicialmente, não pareceu ter ficado ferida, mas uma hora depois queixou-se de dores de cabeça. Piorou e foi levada para um hospital perto de casa, em Nova Iorque, onde a família se juntou.

O pai de Natasha Richardson era o produtor Tony Richardson. Os avós maternos eram os actores Michael Redgrave e Rachel Kempson. A actriz Lynn Redgrave, com quem Richardson e a mãe contracenaram no filme de 2005 “A Condessa Branca”, é uma das suas tias.

A sua carreira pode ter sido eclipsada pelos perfis do resto da família, mas Natasha Richardson era muito respeitada pela qualidade e versatilidade dos papéis que representou. Ganhou um Tony em 1998 por uma nova produção do musical “Cabaret” da Broadway, onde representava o papel da boémia Sally Bowles, e desempenhou inúmeros papéis no palco, na televisão e no grande ecrã.

Foi Blanche Du Bois em “Um Eléctrico Chamado Desejo” de Tennessee Williams, em 2005, e foi nomeada para um segundo Tony pela participação noutra reapresentação da Broadway, "Anna Christie", de Eugene O'Neill.

Na sua juventude, foi considerada uma das mais promissoras actrizes da sua geração e ganhou uma reputação de especialista em papéis dramáticos especialmente desafiadores.

O realizador Paul Schrader, que a dirigiu em vários filmes, disse um dia que havia nela “uma qualidade de mistério”. “Podemos assistir [a uma representação sua] durante grande parte de duas horas e ainda pensar que nos vai trazer algo de novo.”

"Irradiava inteligência"

Para além de ter entrado em “Patty Hearst” (1988) de Schrader, onde interpretava a herdeira raptada, e no thriller psicológico “The Confort of Strangers” (1990), do mesmo realizador, Richardson foi a estrela de dramas literários como “A Month in the Country” (1987), ao lado de Colin Firth, e “The Handmaid’s Tale” (1990), com Robert Duvall.

O especialista em cinema David Kipen disse: “Richardson irradiava inteligência em tudo o que fazia. Provocou entusiasmo com Shakespeare, Tchekhov, O’Neill, Williams e Ibsen, e podia cantar, para além disso. Se o cinema nunca soube exactamente o que fazer com ela, isso parece-me mais falha do meio do que dela”.

Natasha Jane Richardson nasceu em Londres a 11 de Maio de 1963. Estreou-se no palco com quatro anos, dirigida pelo pai, que morreu em 1991. O casamento dos pais acabara muito antes, na sua infância. Aos 17 anos, conseguiu entrar na Central School of Speech and Drama de Londres sem revelar o seu nome verdadeiro. Começou nos teatros de West End com uma produção de “A Gaivota”, de Tchekhov, levada à cena em 1985 – a estrela era a sua mãe.

Foi uma forma ousada de começar a carreira, mas ela disse mais tarde ao jornal “The New York Times”: “Se mergulhamos na parte funda, temos de nadar até à parte mais baixa, mas se saltamos na parte baixa, o fundo parece terrivelmente longínquo”. Durante esta peça, começou uma relação com o produtor Robert Fox, com quem se viria a casar. Deixou-o para se casar com Neeson, com quem contracenou em “Anna Christie”. Tiveram dois filhos.

Exclusivo PÚBLICO/Washington Post
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