WikiLeaks divulga 1,7 milhões de telegramas diplomáticos dos tempos de Henry Kissinger

Na embaixada do Equador em Londres, onde está refugiado, Julian Assange fez grande parte do trabalho. Informação remonta à década de 1970, quando Kissinger era secretário de Estado dos EUA

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Julian Assange Andrew Winning/Reuters

O Vaticano minimizou os crimes cometidos pela ditadura de Pinochet no Chile, considerando as informações veiculadas sobre eles "propaganda comunista". É assim, preto no branco, o que pode ler nos 1,7 milhões de telegramas enviados por diplomatas e políticos dos Estados Unidos entre 1973 1976 a Henry Kissinger, quando era secretário de Estado e conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca. Estão .

Um telegrama enviado pelo embaixador norte-americano na Santa Sé a 18 de Outubro de 1973 relata uma conversa com o número dois da Secretaria de Estado do Vaticano de então, Giovanni Benelli.

Julian Assange, fundador do Wikileaks – o site de que o Pentágono tem medo – chamou ao enorme conjunto Biblioteca Pública da Diplomacia Americana. Inclui telegramas, relatórios secretos e correspondência trocada por membros do Congresso. Num conjunto de documentos fica-se a saber que o antigo primeiro-ministro indiano Rajiv Gandhi terá sido contactado para ser o intermediário na venda de aviões militares fabricados pela Scania (empresa sueca) à Índia. Gandhi era, na altura, piloto comercial.

A Scania não ganhou o concurso e quem forneceu os aviões militares à Índia foi a Jaguar.

Outro telegrama, datado de Fevereiro de 1975, dá as primeiras impressões sobre a nova primeira-ministra britânica, Margaret Thatcher. O diplomata que o escreveu diz que é “algo condescendente”, mas que é “honesta e directa”. Não “é conhecida por ser uma pessoa vaidosa”.

O WikiLeaks promete ainda revelações sobre a ditadura de Francisco Franco, em Espanha, inclusivamente sobre a família real espanhola, e sobre a ditadura dos coronéis na Grécia.

“A personificação da classe média britânica tornou-se realidade. Ela é a voz genuína de uma certa burguesia, ansiosa para resolver o problema da destruição do seu poder económico e determinada em travar uma tendência social voltada para o colectivismo”. O diplomata também acrescenta que Thatcher “adquiriu uma imagem de classe social elevada”.

Não há, neste trabalho do Wikileaks, notícias bombásticas em primeira mão, como aconteceu em 2010, quando o mesmo site publicou 250 mil telegramas recentes da diplomacia americana, alguns com matérias em segredo militar. Assange, e outros colaboradores do site, prepararam os documentos, organizndo-os e tornando-os facilmente legíveis, mas esta documentação está acessível, ou seja já foi desclassificada e pode ser consultada.

Assange está na embaixada do Equador em Londres desde Junho de 2012. O país concedeu-lhe asilo político, mas não pode deixar o local. O Reino Unido aceitou o pedido de extraditação de Assange da Suécia, onde foi acusado de violação por duas mulheres.

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