Se o Titanic foi “um navio de sonho”, o Titanic II vai ser “o navio onde os sonhos se tornam realidade”. Foi assim que o multimilionário australiano Clive Palmer apresentou, na terça-feira, o seu projecto de construção de uma réplica do navio que naufragou em Abril de 1912. Até a indumentária dos passageiros será semelhante à que era usada na década de 1920.

O Titanic II será, segundo o promotor, uma "réplica à escala real" do seu antecessor. Terá cerca de 270 metros de comprimento, 55.800 toneladas de peso bruto e capacidade para 2435 passageiros e 900 tripulantes. Os passageiros terão ginásio, banho turco, campo de squash, piscina, teatro e casino a bordo, mas o navio não terá televisões, à semelhança do Titanic, e ainda não é certo que vá ter Internet. A bordo estarão 18 botes salva-vidas – segundo o promotor, suficientes para todos os passageiros.

Os pormenores do projecto, que já tinha sido anunciado em 2012, foram agora apresentados numa conferência de imprensa a bordo de um porta-aviões, no rio Hudson, perto do local onde o Titanic deveria ter atracado, se não tivesse naufragado. Clive Palmer não disse quanto vai custar o navio. "Não vamos divulgar o custo porque tenho dinheiro suficiente para o pagar", justificou. O empresário revelou apenas que o navio será construído na China, pela empresa estatal CSC Jinling Shipyard, em parceria com uma empresa privada. Se tudo correr como esperado, estará pronto a navegar no final de 2016.

Além das características do navio original, também o vestuário da época será recriado. Nos quartos, os passageiros vão encontrar a indumentária usada na década de 1920, que terão de vestir para ajudar a compor o cenário. Os viajantes em primeira classe não poderão misturar-se com os da segunda e terceira classes, mas poderão passar alguns dias em diferentes zonas do navio – para isso terão de mudar de roupa.

Os fatos estão incluídos no preço do bilhete, que ainda não foi anunciado. No entanto, segundo a imprensa local, Palmer garantiu que já recebeu ofertas no valor de um milhão de dólares para a viagem inaugural, cuja rota está traçada: sairá do porto de Xangai, na China, com destino ao de Southampton, em Inglaterra, de onde partirá em direcção a Nova Iorque – repetindo a viagem inaugural do Titanic, que culminou num dos maiores desastres da história da navegação. Mais de 1500 pessoas morreram depois da colisão do navio com um icebergue, no oceano Atlântico, perto da costa do Canadá.

Clive Palmer, um reputado empresário australiano com negócios nas áreas da exploração mineira, campos de golfe e equipas de futebol, entre outros, garantiu que já  recebeu diversas manifestações de interesse por parte de potenciais passageiros. Disse até que o projecto será “uma verdadeira bonança financeira”, de tal forma que "terá" de construir o Titanic III. Para concretizar este projecto, Palmer criou a Blue Star Line –  qualquer semelhança com a White Star Line, proprietária do Titanic, não é pura coincidência.

Os especialistas em navios de cruzeiro estão, porém, menos optimistas em relação à afluência de passageiros, sobretudo depois dos acidentes com os navios de cruzeiro Carnival Triumph, há duas semanas, e Costa Concordia, no ano passado. “Tendo em conta os problemas de segurança que a indústria tem enfrentado nos últimos 14 meses – especialmente com o Costa Concordia – este navio não será muito atraente nesta altura”, disse o editor da publicação Cruise Wee, especializada na área, citado pelo USA Today.

Alguns questionam até se este novo navio não irá ofender a memória dos que morreram no Titanic. Palmer contrapõe que o Titanic II irá honrar a memória dos que partiram e dos que sobreviveram ao naufrágio.

Essa parece ser também a opinião de alguns familiares dos passageiros do Titanic ouvidos pelo USA Today. Helen Benziger, bisneta de Molly Brown, que sobreviveu ao naufrágio, disse estar “maravilhada” com a construção do Titanic II, depois de ter recebido a garantia por parte de Palmer de que o novo navio vai “honrar” as vítimas.

“Não acho que eles teriam qualquer problema, desde que o Titanic II se afaste dos icebergues”, afirmou Paul Kurzman, cujos bisavós, Isidor e Ida Straus, morreram no Titanic.