Vaticano aceita demissão de bispo alemão acusado de gastos milionários

Prelado de Limburgo gastou milhões de euros na renovação da residência episcopal.

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Tebartz-van Elst ficou conhecido na Alemanha como o “bispo do luxo” FREDRIK VON ERICHSEN/AFP

O Vaticano aceitou a demissão do bispo alemão Franz-Peter Tebartz-van Elst de Limburgo, que tinha pedido o seu afastamento depois de em Outubro ter visto suspensas as suas funções. O prelado gastou cerca de 31 milhões de euros de fundos da Igreja para renovar a residência episcopal, ficando conhecido na Alemanha como o “bispo do luxo”.

As primeiras críticas de despesismo feitas ao prelado surgiram em 2012, quando a revista Der Spiegel avançou que Tebartz-van Elst tinha viajado em primeira classe para a Índia, onde foi apoiar programas de apoio a crianças carenciadas. O caso chegou a tribunal, onde o bispo negou a acusação, garantindo que viajou em executiva.

A revista revelava ainda que o bispo tinha feito uma renovação “multimilionária” à residência episcopal, quando em Limburgo "não há dinheiro suficiente para a manutenção das igrejas". Por exemplo, foram usados dois milhões de euros na construção de uma capela privada na residência. Mais uma vez, Tebartz-van Elst negou responsabilidades, atribuindo ao seu antecessor a decisão das obras realizadas.

O Vaticano ordenou que o bispo suspendesse as suas funções há cinco meses, enquanto decorria uma investigação e uma auditoria aos gastos atribuídos a Tebartz-van Elst. Esta quarta-feira, a Santa Sé anuncia que o inquérito realizado pela Conferência Episcopal alemã terminou e que foi nomeado o monsenhor Manfred Grothe para ocupar o cargo do bispo demissionário, por agora, indica a Reuters.

Para já, não se sabe se será encontrada outra posição para o bispo alemão ou quando acontecerá.

Aos fiéis de Limburgo, o Papa Francisco pede que recebam a decisão com “docilidade” e que trabalhem no sentido de restaurar um “ambiente de caridade e reconciliação”.

Francisco tem assumido uma posição firme contra o luxo na Igreja Católica. Cerca de um mês depois de ter sido eleito Papa, afirmou num encontro com jornalistas que “queria tanto ter uma Igreja pobre e para os pobres”. “A Igreja, mesmo sendo uma instituição histórica, não tem uma natureza política, é essencialmente espiritual: é o povo de Deus”, reforçou.

“Quando o poder, o luxo e o dinheiro se tornam ídolos, acabam por se sobrepor à exigência duma distribuição equitativa das riquezas”, disse já este ano, na mensagem para a Quaresma, que teve início no passado dia 5.

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