Vargas Llosa vai à Venezuela apoiar a oposição

Nobel da Literatura acusa Maduro de querer estabelecer uma “ditadura de inspiração cubana”. Maioria dos venezuelanos diz que o seu Governo “já não é democrático”.

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Escritor diz que vai apoiar os que combatem "a ditadura de Maduro" Enrique Castro-Mendivil/Reuters

O escritor peruano Mario Vargas Llosa vai viajar este mês até à Venezuela para apoiar os grupos na oposição que há dois meses protestam contra o Presidente Nicolás Maduro. Num artigo de opinião publicado no The New York Times, o líder venezuelano acusa os manifestantes anti-Governo de o quererem derrubar e faz um apelo ao diálogo dirigido ao Presidente Barack Obama.

O Nobel da Literatura peruano acusa o Presidente venezuelano de estar a tentar instalar uma “ditadura de inspiração cubana” e diz que todos os países da América Latina ficarão ameaçados se Nicolás Maduro for bem sucedido.

As manifestações começaram a 4 de Fevereiro e transformaram-se desde então num movimento nacional em protesto contra a crise económica, a insegurança e a brutalidade policial. Centenas de milhares de pessoas também têm saído à rua em apoio a Maduro.<_o3a_p>

Pelo menos 39 pessoas morreram dos dois lados da barricada durante os protestos e a Amnistia Internacional documentou “dezenas de casos” de abusos e violações dos direitos humanos, incluindo assassínios e tortura, em resultado da acção das forças de segurança sobre os manifestantes.<_o3a_p>

Vargas Llosa chega à Venezuela no dia 15 de Abril para participar numa conferência organizada por um think tank da oposição, o Cedice. “Irei com outros liberais para demonstrarmos o nosso apoio e a nossa solidariedade aos que estão a combater a ditadura de Maduro”, disse o escritor, de 78 anos, citado pela BBC.<_o3a_p>

Conhecido pela sua forte oposição ao regime cubano, Vargas Llosa concorreu à presidência do Peru em 1990, mas perdeu à segunda volta para Alberto Fujimori.<_o3a_p>

Segundo uma sondagem do Instituto Venezuelano de Análise de Dados (IVAD), publicada pelo diário El Universal, são cada vez mais os venezuelanos que pensam como Vargas Llosa: 55% dos cidadãos acreditam que o Governo de Maduro “já não é democrático”. Ao mesmo tempo, cada vez menos pessoas se descrevem como chavistas – de 42,3% em Outubro passaram para 33,8% em Março. <_o3a_p>

Os dados publicados no jornal venezuelano mostram ainda que há mais venezuelanos que se identificam com a oposição – eram 32,8%, agora são 38%. Faz sentido, já que 74% descreve, como negativa a situação do país (68% afirma, que a situação económica é má) e 53% identifica, o Governo como principal responsável pelos problemas da Venezuela.<_o3a_p>

Os apelos de Maduro<_o3a_p>
O instituto quis saber o que pensam os venezuelanos dos actuais protestos e descobriu que 57,6% considera, a contestação genuína, com 38% a dizerem que é manipulada. A maioria dos inquiridos (62,5%) acredita que as forças de segurança torturam e maltrataram manifestantes. <_o3a_p>

Maduro discorda e insiste que “os manifestantes têm um único objectivo: o derrube inconstitucional de um Governo democraticamente eleito”. No texto que publicou no New York Times, o herdeiro de Hugo Chávez diz que os líderes da contestação tornaram isso claro ao tentar “criar o caos na rua” e defende que só são apoiados “pelos segmentos mais ricos da sociedade que procuram reverter os ganhos do processo democrático que beneficiaram a vasta maioria da população”.<_o3a_p>

Recordando uma série de progressos obtidos pelo seu antecessor, da diminuição da pobreza e das desigualdades aos programas de acesso a cuidados de saúde e educação, Maduro admite que o Governo está confrontado com uma série de problemas graves, incluindo a alta inflação e a falta de produtos básicos, mas também a alta taxa de criminalidade. Para todos estão a ser procuradas soluções, garante.<_o3a_p>

Lembrando o apoio dos Estados Unidos aos golpistas de 2002, Maduro afirma que a Administração Obama gasta “pelo menos cinco milhões de dólares por ano a apoiar movimentos de oposição na Venezuela”, montante que pode ser triplicado se for aprovada uma proposta em debate no Congresso. Em Washington, diz, também se discutem possíveis sanções. <_o3a_p>

“Agora é tempo para o diálogo e para a diplomacia”, defende. Maduro pede aos norte-americanos que se oponham a que a Venezuela seja punida e a Obama que responda ao apelo que já lhe fez chegar para que os dois países voltem a trocar embaixadores.<_o3a_p>

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