União Europeia não deu importância à situação na Líbia, admite Mogherini

Chefe da diplomacia admite que os últimos desenvolvimentos na Ucrânia não são encorajadores.

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Federica Mogherini com Passos Coelho Miguel Manso
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Federica Mogherini e Rui Machete antes da conferência de imprensa conjunta Hugo Correia/Reuters

A União Europeia (EU) reconhece não ter dado a devida importância à situação na Líbia. Quem o afirmou nesta terça-feira em Lisboa foi a alta representante da UE para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança.

“Não tínhamos a visão da importância deste facto [a situação líbia], mas agora a nossa prioridade é trabalhar juntamente com a ONU, esta é uma ameaça para a Europa”, reconheceu Federica Mogherini, numa breve conferência de imprensa após um almoço com o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Rui Machete. “Também os líbios têm de reagir à situação que os aflige”, disse a chefe da diplomacia europeia. “A situação está dia-a-dia cada vez mais preocupante e a União Europeia tem um papel a desempenhar para evitar o colapso líbio”, acentuou.

Mogherini admitiu que a UE está perante um problema dominó que põe em causa a sua segurança. “A verdadeira solução para os desafios das fronteiras do Sul [europeu] é resolver as causas, a começar pela situação da Líbia que é, neste tema, o principal problema”, destacou a também vice-presidente da Comissão Europeia.

A proximidade da Líbia do flanco Sul europeu, a pouco mais de 300 quilómetros, foi destacada por Rui Machete que assinalou a preocupante influência que o autoproclamado Estado Islâmico (EI) pode vir a ter na África subsariana. Uma questão que tem sido nuclear no processo de diálogo dos 5+5 que reúne a Argélia, Líbia, Marrocos. Mauritânia e Tunísia, da margem Sul do Mediterrâneo, e Espanha, França, Itália, Malta e Portugal na outra margem.

A situação de instabilidade política e de segurança no Golfo da Guiné foi apontada por Machete como o “coração” do problema. E é através da Líbia, cuja boa parte do território está sob o controlo do EI, que os diversos tráficos – de armas, seres humanos e petróleo – propiciam o financiamento dos radicais e engrossam as correntes migratórias. A consequência deste movimento há muito que lançou o alarme em Itália e, às razões humanitárias de um mar Mediterrâneo transformado num autêntico cemitério, somam-se critérios securitários. É impossível garantir que entre os que fogem da guerra, da fome e da miséria não estão terroristas que assim querem entrar para atentar em território europeu.

A chefe da diplomacia europeia não escondeu também o seu desconforto com o desenvolvimento das últimas horas do conflito na Ucrânia. “Não direi que há um falhanço dos acordos de Minsk, mas há más notícias”, não dissimulou Federica Mogherini. “Sabíamos que ia ser difícil, frágil, nem branco nem preto, mas não vamos declarar o falhanço do processo mas trabalhar para o seu sucesso”, disse. “Os desenvolvimentos das últimas horas não são encorajadores e mostram que os cumprimentos dos acordos de Minsk têm de ser completos”, concluiu. “Minsk dá-nos uma ténue esperança”, sintetizou o ministro português.
 

   

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