A cada meia hora é assassinada uma pessoa nas grandes cidades brasileiras

Nordeste tem os piores indicadores, com Fortaleza à cabeça. Elevada concentração urbana e deficiência de serviços públicos podem explicar números de 2014.

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Onde as questões urbanas estão mal resolvidas, Estado tem dificuldade em administrar conflitos REUTERS/Michel Filho-Agência O Globo

De meia em meia hora, uma pessoa é assassinada nas capitais estaduais do Brasil. E os casos mais críticos não são os de São Paulo nem do Rio de Janeiro. Foi pelo menos assim em 2014, segundo os dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, segundo os quais foram mortas 15.932 pessoas nas capitais estaduais, uma subida de 0,8% em relação ao ano anterior.

Os casos mais preocupantes são os de cidades do Nordeste – oito das nove capitais da região estão na lista das dez maiores taxas de crimes violentos seguidos de morte. Recife é a única capital estadual nordestina que não integra o top ten do estudo que reúne pela primeira vez dados das capitais.

Fortaleza é a líder do ranking, com 77,3 mortos em cada cem mil habitantes, seguida de Maceió, São Luís, Natal, João Pessoa, Teresina, Belém, Salvador, Cuiabá e Aracajú. São Paulo tem a taxa mais baixa, com 11,4 mortos, segundo os dados divulgados pelo jornal Folha de S. Paulo.

Renato Sérgio de Lima, vice-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, explicou ao jornal que os factores que explicam as altas taxas de violência no Nordeste são múltiplos, mas nota que as teorias mais recentes indicam que as condições urbanas podem favorecer a prática de crimes violentos. “As capitais têm um problema mais agudo, porque são os maiores municípios do país, tem grande concentração urbana e ao mesmo tempo uma oferta de serviços públicos longe do ideal para a qualidade de vida.”

No caso do Nordeste o boom económico atraiu muitas pessoas às cidades capitais e quando as questões urbanas estão mal resolvidas, o Estado tem dificuldade em administrar os conflitos, observou o sociólogo. “Se vivo num terreno invadido ou com um bar ilegal e tenho um conflito, não vou chamar um a polícia porque serei preso”.

O secretário da Segurança Pública de Alagoas, Alfredo de Mendonça Neto, associa as elevada taxas de homicídios do Nordeste à entrada em força do crack nas capitais. Maceió, capital de Alagoas tem uma taxa de mortes violentas de 69,5 por cem mil habitantes. O governo local diz que nos últimos nove meses a taxa de assassínios na capital estadual baixou 22% e que chegará ao fim de 2015 com taxas entre 48 e 50 por cada cem mil.

Em 2013, segundo dados do Fórum, foi registado um homicídio no Brasil a cada dez minutos e a polícia matou em média seis pessoas por dia. Nesse ano foram contabilizadas 53.646 mortes violentas, um aumento de 1,1% em relação ao ano anterior. Em termos absolutos foi no estado de São Paulo – o mais populoso, com 44 milhões de habitantes – que ocorreu o maior número de casos de homicídios (5119), seguido do Rio de Janeiro (4928) e de Minas Gerais (4458).

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