Um dos terroristas do massacre no Bataclan terá mãe portuguesa

Ismaël Omar Mostefaï será filho de pai argelino e mãe portuguesa, avança o New York Times. Mas não há registos dele em Portugal, diz secretário de Estado.

Um dos atacantes que abriram fogo sobre a multidão na sala de espectáculos Bataclan é filho de uma portuguesa. A informação é avançada pelo New York Times neste domingo, dia em que Ismaël Omar Mostefaï, nascido nos arredores de Paris, foi identificado oficialmente pelo presidente da Câmara de Chartres, cidade onde viveu até 2012. O pai é de nacionalidade argelina.

Não se conhece ainda a identidade da mãe de Mostefaï, nem tão pouco se foi uma dos sete familiares e amigos — entre os quais estão o seu pai, um dos seus irmãos e a cunhada — detidos entre sábado e domingo pela polícia francesa para interrogatório. De acordo com o diário norte-americano, porém, o jihadista vivia com os dois pais quando estava em Chartres, no departamento de Eure-et-Loir, a cerca de 100 km de Paris. "Era uma família normal, como qualquer outra pessoa", disse um vizinho, sob anonimato.

Nascido a 21 de Novembro de 1985, Ismaël Omar Mostefaï tinha dois irmãos e duas irmãs, segundo o jornal regional Journal du Centre, citado pelo Le Monde. Questionado pelo PÚBLICO, o cônsul-geral de Portugal em Paris, Paulo Pocinho, desconhece qualquer informação sobre o caso. “Não temos nenhum registo”, diz, admitindo que sem o nome da mãe e apenas através do nome do terrorista não é possível chegar a uma identificação.

O PÚBLICO questionou ainda o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas e não obteve resposta. No entanto, à agência Lusa, José Cesário disse não conseguir confirmar a informação avançada pelo New York Times.

"Ele [Ismaël Omar Mostefaï] não é português", disse à Lusa José Cesário, afirmando não dispor de informação que permitam corroborar a notícia do New York Times.

Mostefaï foi detido oito vezes em ligação a delitos de pequena gravidade entre 2004 e 2010, sem nunca ter sido preso. Estava sob vigilância desde 2010, sob a designação da "lista S", onde os serviços de informação franceses incluem suspeitos de radicalismo. Vizinhos da família em Chartres dizem ao New York Times que Mostefaï já não tinha ligações com os seus parentes mais próximos.

O terrorista foi identificado através do dedo que foi encontrado pela polícia nos destroços do Le Bataclan. Ismaël Omar Mostefaï foi um dos três homens que se fizeram explodir na sala de concertos onde actuavam os Eagles of Death Metal — os três terroristas entraram no Le Bataclan por volta das 21h40 de metralhadoras nas mãos e vestidos com coletes de explosivos.

Segundo o Le Monde, Mostefaï, de 29 anos, terá estado alguns meses na Síria entre 2013 e 2014. Há registos da sua passagem na Turquia, porta de entrada privilegiada para o território sírio.

O Journal du Centre escreve que Mostefaï “seguia um pregador islâmico radical”, um marroquino a viver na Bélgica, que visitava por vezes a zona onde o terrorista do Le Bataclan vivia, no departamento de Eure-et-Loir, para fazer proselitismo.

“A questão que agora se impõe é de saber se existe uma fileira jihadista em Chartres ou se Ismaël Mostefaï era um individuo isolado com ligação a redes belgas ou outras”, reagiu ao jornal Jean-Pierre Gorges, presidente da Câmara de Chartres.

Os habitantes do bairro de La Madeleine, onde Mostefaï vivia agora com o seu pai, mostram-se incrédulos com as notícias recentes. Para eles, o homem estava mais calmo desde o nascimento da sua filha, em 2010, lê-se no Journal du Centre.

A investigação da polícia continua também em Courcouronnes, onde Mostefaï nasceu, nos subúrbios de Paris.

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