Um aviso inútil

Espero enganar-me mas, mais uma vez, acho que há gente a mais a dizer aos americanos para não votarem em Trump.

Quando toda a gente, incluindo Obama, apareceu para dizer aos cidadãos do Reino Unido para não votarem no “Brexit”, tive medo. É sempre má ideia convidar estrangeiros para fazer ameaças e dar conselhos e ordens aos eleitores doutros países. No Spectator desta semana Charles Moore, brexiteiro inteligente, elogiou Mario Draghi por se ter recusado a tomar partido. E sugere que se Jean-Claude Juncker tivesse seguido o exemplo de Draghi — e ficasse calado —, é possível que o “Brexit” tivesse perdido.

Passei 45 minutos a admirar o magnífico discurso de Obama a apoiar Clinton e a atacar Trump. Também gostei do discurso de Michael Bloomberg a deitá-lo abaixo com factos. Não foi tão calmamente devastador como o melhor ataque de sempre dos republicanos: o de Mitt Romney, ainda Trump não tinha sido nomeado. De nada serviu. Espero enganar-me, mas, mais uma vez, acho que há gente a mais a dizer aos americanos para não votarem em Trump.

Os eleitores reagem mal à unanimidade negativa. Quando quase todos os que têm poder dizem à grande multidão (que não tem outro poder que não o voto) para não votar em certa pessoa, a tentação de fazer o que lhes disseram para não fazer é grande e deliciosa de mais para se lhe resistir.

Desprezo Trump, mas consigo ver que está a ser perseguido. Ele é essencialmente um troll e ser perseguido é o que ele quer. E tem conseguido. Quer fazer-se passar, incrivelmente, por underdog. Para ganhar. Nas actuais circunstâncias, atacá-lo é ajudá-lo a ganhar.

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