Um ano de ataques russos matou mais de 3800 civis na Síria

Governo de Moscovo está determinado em prosseguir com as operações de apoio ao regime de Bashar al-Assad.

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Forças sírias no bairro de Farafira, no Noroeste de Alepo GEORGES OURFALIAN/AFP

Mais de 3800 civis foram mortos e 20 mil ficaram feridos pelos ataques da aviação russa, desde que há um ano teve início a intervenção de Moscovo em apoio ao regime do presidente Bashar al-Assad, indicou esta sexta-feira o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

Desde 30 de Setembro de 2015, os raides russos fizeram um total de 9364 mortos, segundo o balanço daquela ONG que dispõe de uma larga rede espalhada pelo país.

Mas o número “pode ser mais elevado”, uma vez que exclui as vítimas cuja nacionalidade não pôde ser determinada, precisou o seu director, Rami Abdel Rahmane.

Para além dos 3804 civis, 2746 combatentes do autoproclamado Estado Islâmico (EI) e 2814 membros de diferentes grupos rebeldes e islamistas que combatem o regime morreram durante os ataques das forças de Moscovo. “Pelo menos 20 mil civis ficaram feridos pelos raides russos num ano”, precisou Rahmane.

Apesar dos recentes apelos internacionais para o fim dos raides, nomeadamente sobre a cidade de Alepo, no Norte da Síria, a Rússia está determinada em prosseguir com as operações de apoio ao seu aliado sírio desde que o curto cessar-fogo negociado com os Estados Unidos chegou ao fim, a 19 de Setembro. A aviação russa vai continuar “a sua operação de apoio à luta anti-terrorista das forças armadas sírias”, declarou na quinta-feira o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

O Presidente americano, Barack Obama, e a chanceler alemã, Angela Merkel, condenaram veementemente “os raides aéreos bárbaros dos russos e do regime sírio sobre Alepo, uma zona onde habitam centenas de milhares de civis, na maioria crianças”.

Alepo, a segunda cidade do país e principal frente do conflito, está dividida desde 2012 entre o sector governamental, na parte ocidental, e os bairros rebeldes, na zona oriental.

Mais de uma semana depois de ter anunciado uma grande ofensiva para reconquistar a área controlada pelos opositores, o Exército sírio progredia nesta sexta-feira em duas frentes, no Norte e Centro da cidade, cercando o território rebelde.

No Norte, “depois de na quinta-feira ter tomado o antigo campo de refugiados palestinianos de Handarat, as forças do regime capturaram na sexta-feira de manhã o hospital de Kindi”, nas mãos dos insurrectos desde 2013, explicou Abdel Rahmane.

O controlo desta posição-chave poderá permitir ao regime “progredir em direcção a Hellok e Haydariyé”, dois bairros rebeldes no Nordeste da cidade, segundo o director do Observatório.

Os combates provocaram danos nos dois lados em Souleimane al-Halabi, bairro situado na linha de demarcação, adianta o OSDH, com o Exército a tentar capturar a parte rebelde. Segundo a agência oficial Sana, quatro civis foram mortos e outros dez ficaram feridos durante ataques lançados por rebeldes contra a zona controlada pelo Governo.

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