Tufão Haiyan fez mais de 5200 mortos. Os vivos têm fome

Ainda há muitos desaparecidos e milhares de sobreviventes em situação desesperada.

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A ONU estima que cinco milhões de filipinos com menos de 18 anos foram afectados pela tragédia do Haiyan Wolfgang Rattay/Reuters

O Tufão Haiyan, que atingiu as Filipinas no dia 8 de Novembro, já fez mais de 5200 mortos, anunciou nesta sexta-feira o Governo, o que faz desta tragédia uma das catástrofes naturais mais mortíferas da história recente daquele país.

Para além deste balanço de mortos, as autoridades referem que ainda há 1611 pessoas dadas como desparecidas.

O Haiyan foi um dos tufões mais violentos a chegar a terra, com ventos que ultrapassaram os 300km/hora. A força dos ventos e das ondas arrasou dezenas de localidades na região centro das Filipinas. Tacloban, com os seus 220 mil habitantes, foi a maior cidade atingida.

Mais de quatro milhões de pessoas ficaram sem as suas casas, principalmente nas ilhas de Samar e Leyet. Os novos sem-abrigo filipinos são sobretudo gente pobre que trabalhava na agricultura.

Num cenário que a AFP descreve como sendo ainda de devastação total, as crianças, algumas com apenas seis anos, mendigam à beira das estradas em busca de comida.

“Não temos mais arroz”, explica Shamsher Hussein, de nove anos. “A água levou tudo.” Ele e outras crianças da ilha de Samar improvisaram uns cartões onde escreveram súplicas, pedindo a quem passa qualquer coisa, seja o que for, para comer. Por entre os escombros, os vivos, crianças ou adultos, esgravatam em busca de alimentos ou arriscam ir para o mar tentar a sorte na pesca.

As cenas repetem-se por toda a região que foi atingida pelo Haiyan mesmo que as autoridades garantam que, duas semanas depois da tragédia, a ajuda alimentar está já a chegar às populações necessitadas.

Segundo as Nações Unidas, cinco milhões de filipinos com menos de 18 anos foram afectados pelo tufão. Cerca de 1,7 milhões ficaram sem casa.

Em Tacloban, onde alguma ajuda médica e alimentar está já a ser distribuída há alguns dias, as crianças também são as mais vulneráveis. Falta-lhes tudo, incluindo escolas, destruídas pelo tufão. “Não têm para onde ir”, passam os dias a vaguear, diz à AFP Sarah Norton-Staal, da Unicef.

Antonia Rosanes, responsável municipal pela educação, considera urgente montar um sistema qualquer de ensino antes do Natal. Ela e muitos professores, que também viram as suas vidas destruídas pelos ventos do Haiyan, estão dispostos a dar aulas, “nem que seja debaixo das árvores”.

Mas para Angel Igalio, de 11 anos, a escola e os livros não são a sua necessidade mais urgente: “Tenho fome”, confessa ele ao repórter da AFP.

 

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