Pena deixa tempo livre para Berlusconi fazer campanha

Antigo primeiro-ministro italiano vai prestar serviço cívico numa residência de idosos nos arredores de Milão.

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Berlusconi pediu para cumprir o serviço cívico numa residência de idosos situada a poucos quilómetros da sua casa Alessandro Garofalo/REUTERS

Uma condenação a quatro anos de prisão por fraude fiscal vai acabar por significar uma manhã ou uma tarde de trabalho cívico por semana para Silvio Berlusconi. Ao todo, são 168 horas que o antigo primeiro-ministro passará num centro de idosos dos arredores de Milão, não muito longe da sua residência habitual.

Condenado há oito meses, Berlusconi começou por beneficiar de uma amnistia que lhe diminuiu a pena para um ano. Agora, viu os juízes concordarem com o tinha pedido. A opção era prisão domiciliária, que o obrigaria a estar fechado em casa sem poder sequer dar entrevistas. Para além da humilhação de ter de se apresentar numa esquadra com regularidade, esta possibilidade impediria, na prática, que participasse em actividades do partido.

Enquanto o Tribunal de Aplicação de Penas anunciava a sua decisão, em Milão, Berlusconi estava em Roma e prepara-se precisamente para reunir o estado-maior do partido para preparar a estratégia de campanha para as eleições europeias de 25 de Maio.

A Força Itália surge com 20 a 21% nas sondagens, bem atrás do Partido Democrático (centro-esquerda), do primeiro-ministro, Matteo Renzi, e arrisca-se a ser ultrapassada pelo Movimento 5 Estrelas, do antigo comediante Beppe Grillo, que nos inquéritos reúne 25% das intenções de voto. Berlusconi não pode ser candidato – a pena inclui o impedimento de se candidatar a cargos públicos durante cinco anos – mas pode fazer campanha ao lado dos candidatos.

Os advogados não disfarçaram a sua satisfação e descreveram a decisão dos juízes como “equilibrada” por não limitar “as exigências da actividade política do presidente Berlusconi”. À partida, o ex-chefe de Governo estaria obrigado a estar diariamente em casa entre as 23h e as 6h. Mas os juízes vão permitir que se desloque a Roma entre terça e quinta-feira de cada semana e poderão ainda autorizar outras deslocações.

De resto, a pena é para cumprir “pelo menos um dia por semana” em períodos que não poderão ser inferiores a quatro horas consecutivas. Com a redução prevista para quem cumpre os primeiros seis meses, este ritual vai ocupá-lo durante dez meses e meio, 168 horas efectivas (ou sete dias de 24 horas), nas contas feitas pelo jornal La Reppublica.

Dificilmente o resultado final poderia ser melhor para Berlusconi. Segundo os jornais italianos, o político-empresário vai cumprir o seu serviço cívico da Fundação Sagrada Família de Secano Boscone, uma pequena cidade perto de Milão. Trata-se de um centro onde vivem 40 idosos, muitos deles com Alzheimer.

Esta pena não representa o fim dos problemas de Berlusconi com a Justiça. Para além de um processo em que é acusado de ter subornado um senador, ainda na fase inicial, em Junho vai saber o resultado do recurso no caso Rubygate depois de ter sido condenado em primeira instância a sete anos de prisão por abuso de poder e prostituição de menores.<_o3a_p>

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