Trabalhistas à frente dos conservadores quando começa a campanha britânica

Primeiro-ministro ataca o seu opositor Ed Miliband. A última sondagem dá os trabalhistas 4 pontos percentuais à frente, após uma semana dura para David Cameron.

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Ed Miliband e David Cameron disputam uma corrida em que estão invulgarmente próximos nas sondagens Stefan Wermuth/Reuters

Na véspera do início oficial da campanha, o Labour obteve uma vantagem de quatro pontos percentuais numa sondagem no Reino Unido, quebrando o empate em que estava com os conservadores para as eleições de 7 de Maio.

Ironicamente, a subida dos trabalhistas acontece após uma intervenção televisiva do primeiro-ministro, David Cameron, e do seu principal opositor, Ed Miliband, em que duas sondagens rápidas davam o conservador como vencedor do debate, que não foi um frente-a-frente.

Segundo a sondagem do YouGov para o britânico Sunday Times, o partido de Miliband surge com 36% das intenções de voto contra 32% para o de Cameron. Se replicada no dia 7 de Maio, esta percentagem poderia, diz o diário britânico The Guardian, dar aos trabalhistas uma vantagem de 60 deputados nos 650 da Câmara dos Comuns.

Esta sondagem, feita após a intervenção televisiva de quinta-feira à noite, dá ainda um quadro diferente da leitura do debate: 49% dos inquiridos dizem que Miliband esteve melhor do que Cameron, apenas 34% pensam que Cameron venceu. Os media britânicos falam no efeito do “salto Miliband” e especula-se já que poderia ser por temer este efeito que Cameron recusou um debate directo – o primeiro-ministro disse que seria injusto deixar de fora os líderes dos outros partidos, e assim a intervenção dos dois candidatos foi feita com perguntas de dois jornalistas e do público.  

Uma outra sondagem pelo instituto Opinium para o Observer dava 34% aos tories e 33% ao Labour – mas foi feita antes da intervenção televisiva.

A campanha eleitoral começa oficialmente esta segunda-feira, quando Cameron visita a rainha para dissolver o Parlamento, dando o tiro oficial de partida para as eleições.

A última sondagem (feita entre 27 e 28 de Março com 1799 inquiridos) dá ainda 13% de intenções de voto ao UKIP, 8% aos liberais democratas e 6% aos Verdes.

David Cameron surpreendeu todos ao dizer, na semana passada, que iria cumprir todo o segundo mandato, se o vencesse, mas punha de parte um terceiro. Muitos apontaram a arrogância de partir do princípio de que venceria, outros criticaram que se imaginasse já fora da chefia do Governo, o que fazia de si um líder fraco e abria a época da competição pela sucessão. Analistas diziam ainda que Cameron teria de se demitir antes das eleições de 2020 para dar tempo ao seu sucessor – algo que o ministro conservador Iain Duncan Smith pareceu confirmar à BBC. Na entrevista em que falou do terceiro mandato, Cameron garantia que ficaria até ao último dia do segundo mandato se ganhasse as eleições.

Na conferência da primavera dos conservadores, no sábado, em Manchester, Cameron lançou-se num ataque directo ao Labour e pessoal a Ed Miliband. Os trabalhistas são “um bando de socialistas hipócritas”, e Miliband é “demasiado fraco”.

“Alguns podem dizer: ‘não tornem isto pessoal’. Mas quando falamos de quem é o primeiro-ministro, o pessoal é nacional”, disse Cameron. “O tipo que se esqueceu de mencionar o défice poderá ser o responsável por toda a nossa economia. O homem que é demasiado fraco para enfrentar os sindicatos cá poderá ser o que enfrenta os nossos inimigos no estrangeiro”, sublinhou. “Pode ser ele a tomar as decisões em telefonemas decisivos a meio da noite.”

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