Tim Kaine à frente na escolha de Clinton para vice-presidente

Candidata democrata deve anunciar esta sexta-feira em quem aposta como companheiro de candidatura, antecipando a convenção democrata, que começa segunda-feira.

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Hillary Clinton e TIm Kaine em campanha na Virgínia SAUL LOEB/AFP

A candidata democrata à Casa Branca deve anunciar esta sexta-feira a sua escolha para vice-presidente e o senador Tim Kaine, da Virgínia, é quem está à frente da sua lista de preferência, dizem os media norte-americanos, citando fontes próximas da candidatura.

Kaine, de 58 anos, é um dos favoritos desde que Clinton começou à procura de um vice-presidente. Já foi governador da Virgínia e presidente da câmara de Richmond, e no Senado tem trabalhado nas áreas de relações externas e assuntos militares. Tem também uma certa de reputação de conseguir ultrapassar as fronteiras partidárias, diz a Associated Press (AP).

Por outro lado, se a escolha recair de facto sobre Kaine, Clinton tem de ponderar os efeitos que isso terá no Senado, sobre o equilíbrio entre republicanos e democratas. A possibilidade de ser eleito um senador republicano em substituição de Kaine é algo que ela tem de levar em conta, quando fizer a sua escolha. “Não é necessariamente por minha causa que estou a ser considerado. É porque a Virgínia é mesmo importante”, sublinhou o senado Kaine.

Escolher Kaine seria uma aposta segura para Hillary – menos arriscada do que escolher a senadora Elizabeth Warren, bastante mais à esquerda, por exemplo. Através de Kaine, Clinton pode atrair eleitores moderados – leia-se que já votaram no Partido Republicano – e que agora não estão dispostos a votar em Donald Trump e no seu discurso provocador.

Kaine é um católico formado na prestigiada Faculdade de Direito de Harvard que fala fluentemente espanhol – o que é uma piscadela de olho aos eleitores hispânicos, sem realmente ter um vice-presidente hispânico. O Presidente Barack Obama fez saber à campanha de Hillary Clinton que consideraria Tim Kaine uma boa escolha, diz a AP. Aliás, ele próprio chegou a considerá-lo para seu vice, antes de escolher Joe Biden.

O anúncio da escolha da candidata democrata deve ser feito nas redes sociais, a coincidir com um comício esta sexta-feira na Florida. A ideia é tirar protagonismo a Donald Trump, nomeado como candidato na convenção republicana, e anunciar já a convenção democrata que começa na segunda-feira, em Filadélfia.

A escolha de Kaine, no entanto, não agradará aos progressistas que apoiaram Bernie Sanders e só relutantemente acabaram por se juntar a Clinton. Esperavam que ela lhes desse um sinal, apoiando alguém mais próximo dos seus interesses, como Elizabeth Warren. Os apoiantes de Sanders tinham na verdade posto o senador da Virgínia na lista negra, devido às suas posições relativas aos acordos de comércio internacional e à regulamentação de Wall Street.

Por tudo isto, frisam os próximos de Hillary Clinton, apesar de Tim Kaine ser o favorito, ela pode ainda mudar de opinião.

Clinton está a considerar como companheiros de candidatura vários outros políticos. A única mulher é Elizabeth Warren (67 anos, senadora pelo Massachusetts), campeã da esquerda progressista americana que se tem envolvido frequentemente em polémicas com Donald Trump no Twitter. Mas Warren e Clinton nunca foram próximas.

Tom Vilsack, de 65 anos, ex-governador do Iowa e ex-secretário da Agricultura de Obama, é um democrata centrista discreto amigo de longa data dos Clinton. Mas tem pouca experiência em política exterior.

Tom Perez, de 54 anos, ministro do Trabalho de Obama, é filho de imigrantes da República Dominicana, e poderia reforçar o voto latino, que já dá preferência ao Partido Democrata. Ideologicamente bastante à esquerda, diz a AFP, este advogado especializado em direitos cívicos poderia ajudar a fechar o fosso que separa Clinton dos apoiantes de Bernie Sanders.

James Stavridis, de 61 anos, é um general de quatro estrelas na reserva, antigo comandante supremo das forças da NATO que se tornou amigo de Hillary Clinton quando esta dirigia a diplomacia norte-americana. Seria um reforço de peso, quando Trump denuncia a “fraqueza” dos democratas na luta contra o terrorismo.

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