Thatcher, nem a morte apaga velhos ódios

Elogiada por políticos, antiga primeira-ministra continua a gerar ódios na sociedade britânica, que dividiu com a sua "revolução conservadora" e as suas políticas liberais.

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Ilhas Falkland TONY CHATER
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Londres, Reino Unido WILL OLIVER/AFP

Política determinada e primeira-ministra com pulso de ferro, Margaret Thatcher é uma figura incontornável do século XX. Mas nem o respeitoso luto com que os dirigentes britânicos reagiram à sua morte apaga a imensa controvérsia que o seu legado continua a gerar no Reino Unido, duas décadas depois de ter abandonado o poder. Nesta segunda-feira, há mesmo quem esteja a celebrar.

“É a melhor notícia que recebi em todo o ano”, escreveu no Facebook um comentador que se identifica como antigo mineiro. Um entre milhares que invadiram as redes sociais pouco depois de conhecida a morte da antiga primeira-ministra para mostrar que, em muitas regiões e camadas da população, o thatcherismo é lembrado como um momento negro da história britânica.

Os sindicalistas estão entre os primeiros com contas a ajustar com a primeira-ministra que, em 1984 e 1985, resistiu durante meses às greves que paralisaram a então poderosa indústria mineira para, em seguida, quebrar o poder até aí incontestado das unions. “Estou a beber um copo neste preciso momento. É um dia maravilhoso. Estou exultante”, disse à AFP David Hopper, dirigente do Sindicato Nacional de Mineiros na região do Nordeste de Inglaterra, bastião trabalhista e principal pólo industrial do país. “Thatcher fez mais mal a esta região do que qualquer outra. Não se trata apenas das minas de carvão. Ela quis destruir os sindicatos. Dizimou a indústria e destruiu as nossas comunidades”, recordou.

Também na Irlanda do Norte, a era Thatcher continua a trazer recordações amargas, sobretudo aos republicanos, que se enfrentaram com uma primeira-ministra que rejeitou cedências, mesmo quando prisioneiros do IRA morriam em greves de fome. “Thatcher prejudicou muito o povo irlandês durante o seu tempo como primeira-ministra”, afirmou o actual líder do Sin Féin, acusando-a de, ao invés de procurar uma solução política, ter adoptado “as políticas militaristas mais draconianas, prolongando a guerra e causando grande sofrimento”.

Muitos não perdoam também a recessão criada pelas suas políticas liberais, o aumento do desemprego e o ataque ao assistencialismo herdado do pós-Guerra.

Nesta segunda-feira, o site isthatcherdeadyet.co.uk recebeu perto de um milhão de visitantes pouco depois de ter substituído o “Ainda não”, que exibia desde a sua criação, em 2010, para um rejubilante “Sim”. Mais de 160 mil pessoas fizeram “like” no Facebook da página e os seus autores convidavam os britânicos a revelar no Twitter (hashtag #nowthatchersdead) como iam celebrar o desaparecimento da Dama de Ferro.

Em Brixton, bairro popular de Londres que foi em 1981 e 1985 palco de violentos motins, estava anunciada para a noite desta segunda-feira uma festa de rua, noticiou a AFP. A Reuters noticiava que nos últimos dias surgiram em Londres panfletos prometendo festejos para a Trafalgar Square no sábado seguinte à morte da baronesa e nesta segunda-feira havia já quem se juntasse ali, de garrafa na mão e telemóveis em punho.

Não menos provocador, foi o gesto de alguém que, horas depois de a família noticiar a morte de Thatcher, decidiu deixar uma garrafa de leite frente à residência da antiga primeira-ministra, em Belgravia. Ao lado de ramos de flores e palavras de homenagem, a garrafa recordava a decisão de Thatcher de, em 1970, quando era ministra da Educação, acabar com a distribuição gratuita de leite nas escolas primárias – a primeira de muitas medidas impopulares que tomaria nos seus anos de poder e que lhe valeu a alcunha de “ladra de leite”.

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