"Tenham a coragem de defender a Europa", pede Durão Barroso

Presidente da Comissão Europeia apela à mobilização contra os populismos e os extremistas nas próximas eleições para o Parlamento Europeu.

Foto
"não deixem a iniciativa sempre aos extremistas", pede Barroso FREDERICK FLORIN/AFP

O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, apelou aos europeus que saiam do silêncio e da sua “zona de conforto” para defender a Europa face aos populistas e aos extremistas nas próximas eleições europeias de Maio de 2014, quando se teme que várias forças políticas desta tendência, em diferentes países, possam ter bons resultados.

“Gostaria que não fossem apenas os antieuropeístas a tomar a iniciativa, manipulando as emoções e as ansiedades [relacionadas com a crise e o desemprego]”, afirmou Barroso em entrevista à AFP.

“Devemos ter a coragem de combater estas forças tão negativas. Lanço um apelo muito veemente aos europeus para que saiam da sua zona de conforto, saiam do silêncio, não deixem a iniciativa sempre aos extremistas. Tenham a coragem de defender a Europa.”

Marine Le Pen, a presidente da Frente Nacional, em França, e Geert Wilders, o líder do Partido da Liberdade, na Holanda, lideram uma tentativa de formar uma aliança para formar um novo grupo no Parlamento Europeu, após as eleições de Maio de 2014, que poderá incluir a Liga do Norte italiana ou o Partido da Liberdade austríaco. Outros países, como o Reino Unido, contam com partidos populistas que esperam uma votação forte, como UKIP (Partido da Independência do Reino Unido).

Esta situação “exige que os pró-europeus assumam um discurso mais construtivo”, afirmou Durão Barroso, que termina em 2014 o seu segundo mandato de cinco anos à frente da Comissão Europeia. “Gostaria de ver os europeístas de centro-esquerda, de centro-direita e centristas a ter a coragem de defender a Europa, e mostrar que há coisas que também é preciso fazer a nível nacional, que não se podem pôr às costas da Europa todas as responsabilidades.”

É preciso explicar que a Europa, defendeu Barroso, “não é causa de todos os problemas, mas é também parte da solução”.

“Não foi a Europa que criou os défices e a dívida excessiva de alguns governos. Fomos nós que tentámos pôr alguma ordem nisto”, afirmou. “Foi a Europa que criou a regulamentação e a supervisão financeira, que não existiam ao nível europeu [antes da crise].” “Não foi a Europa que criou a confusão nos mercados financeiros, mas é a Europa que está a tentar pôr-lhes alguma ordem”, afirmou, recordando a sanção recorde de 1700 milhões de euros aplicada nesta semana a seis grandes bancos por terem manipulado os índices interbancários.
 
 

Sugerir correcção
Comentar