Suspeito de morte de Litvinenko afinal não vai testemunhar

Investigadores pensam que se trata de uma manobra do principal implicado na morte do antigo agente russo, que teve como objectivo aceder a documentos confidenciais.

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Dmitri Kovtun disse que testemunharia mas agora alega não ter autorização Yuri Kadobnov/AFP

Dmitri Kovtun, um dos principais suspeitos da morte do antigo agente russo Alexander Litvinenko, disse esta segunda-feira que afinal não teve autorização das autoridades de Moscovo para testemunhar no processo que decorre no Reino Unido.

Kovtun, que vive na capital da Rússia, testemunharia por vídeo-conferência sobre a sua possível implicação na morte de Litvinenko, assassinado com polónio 210 em Londres, em 2006.

O suspeito sempre se recusou a testemunhar no âmbito do processo britânico, mas em Março deste ano mudou de opinião. Anunciou que colaboraria com a investigação, aceitando testemunhar e ser interrogado, alegando que poderia desmistificar vários factos e que queria ter a oportunidade de limpar o seu nome.

Na altura em que Kovtun mudou de opinião em relação ao seu testemunho, várias fontes britânicas disseram à emissora BBC que temiam que a decisão fosse apenas uma manobra do suspeito para não só adiar mais o processo mas também obter um estatuto privilegiado na investigação, incluindo acesso a documentos confidenciais.

Essas fontes dizem que foi precisamente isso que terá acontecido: Kovtun teve acesso a alguns documentos (a BBC diz que é impossível perceber quantos e qual o grau de confidencialidade), e esta segunda-feira veio dizer que não pode testemunhar porque não teve autorização das autoridades russas, invocando uma investigação ao mesmo caso levada a cabo pelas autoridades de Moscovo.

Kovtun esteve com Litvinenko num hotel em Londres quando este se sentiu mal. Passados 22 dias, Litvinenko morreu. Análises mostraram que foi envenenado com polónio-210, uma rara substância radioactiva, presente também no hotel onde se encontrou com Kovtun e outro russo, Andrei Lugovoi, também suspeito no caso (tanto Kovtun como Lugovoi eram também antigos espiões). Traços de polónio foram ainda encontrados em duas casas ligadas a Kovtun na Alemanha.

Na Rússia é investigada a hipótese de Kovtun ter sido (também) alvo de uma tentativa de assassínio.

Litvinenko investigaria, na altura em que foi morto, uma ligação de Vladimir Putin ao assassínio da jornalista Anna Politkovskaia, em Moscovo.

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