Sushi do mestre Jiro para as boas-vindas a Obama

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No seu primeiro jantar em Tóquio, Barack Obama foi convidado pelo primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, para um dos restaurantes mais famosos do Japão: um pequeno espaço com balcão corrido num corredor do metro de Tóquio.

Para convidados tão importantes não terá sido difícil reservar todos os 10 lugares do Sukiyabashi Jiro, mas, para o comum dos mortais, este restaurante dedicado única e exclusivamente ao sushi, com três estrelas Michelin, tem uma lista de espera de meses.

A receber Obama e Abe na noite de quarta-feira estava Jiro Ono, um mestre de sushi octagenário, responsável pela arte mais perfeita de juntar arroz e todo o tipo de seres que vivem no mar. No seu restaurante ninguém escolhe o que quer comer, nem mesmo o Presidente dos Estados Unidos. É Jiro que orquestra a refeição e que decide o encadeamento dos pequenos pratinhos que vai colocando à frente dos seus convidados. Como qualquer outro cliente, Obama comeu o que Jiro quis que ele comesse.

O documentário de David Gelb, Jiro Dreams of Sushi (2011), mostra o mestre concentrado, sério, de poucas palavras, a trabalhar o peixe, o arroz, o pincel da soja, com gestos firmes, ritmados, excutados na perfeição. Jiro nunca fez mais nada na vida e diz que ainda está a aprender ao mesmo tempo que continua a ensinar um dos filhos, para que este seja o seu sucessor. As mãos de Jiro contam a história da sua arte: são ágeis mas também calejadas, enrugadas, moldadas por gestos repetidos e repetidos ao longo de décadas.

Ao seu silêncio enquanto trabalha, o mestre do sushi também gosta que seja correspondido pelas poucas palavras de quem é suposto estar a disfrutar da sua arte, por isso é pouco provável que Obama e Abe tenham tido oportunidade para atacar os temas da sua agenda bilateral. Se for para elogiar o “toro” de atum ou brindar com sake para quebrar o gelo, tudo bem.

A conta não terá sido problema para estes clientes, mas a arte de Jiro faz-se pagar: 20 peças de sushi a um mínimo de 210 euros. O preço pode disparar se o mestre avançar com alguma extravagância que lhe tenha custado mais a regatear no famoso mercado de Tsukiji.

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